As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) abrem em alta nesta sexta-feira (5), mas recuam ainda digerindo os dados do Payroll muito acima do
esperado, além de leve movimento de correção.
Para o diretor de tesouraria do Braza Bank, Bruno Perottoni, o dia de mercado está mais tranquilo e abertura não trouxe muitas novidades, além da agenda econômica estar fraca hoje.
“Os juros estão se recuperando das quedas dos últimos dias, subindo de 2 a 3 bps na curva inteira, nada muito significativo”, diz. “E também quando os juros caem, a taxa começa a não ficar mais tão atrativa para aplicar em então tende a subir um pouquinho, sabe, mas é um movimento bem pouco relevante”, analisa o executivo.
“Tivemos a divulgação do Payroll, um dado bem importante sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, na mesma semana em que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciou um novo aumento na taxa de juros por lá.”
Há pouco foi divulgado que a economia dos Estados Unidos criou 253 mil vagas de trabalho em abril e a taxa de desemprego caiu para 3,4%, de 3,5% em março. O número de criação de vagas veio acima da projeção dos analistas, que esperavam 180 mil novos postos de trabalho. Já a taxa de desemprego veio abaixo da previsão de 3,6%.
O especialista em investimentos da Valor Investimentos, Paulo Luives, explica que a interpretação desse dado é que veio pior do que o mercado esperava.”Até porque os esse trabalho em que os bancos centrais vêm fazendo de controle da inflação – e aí passa também por um controle de inflação de salários -mercado de trabalho superaquecido, como a gente vem observando, por exemplo, nos Estados Unidos – não só um mercado de trabalho superaquecido, mas também muito apertado, onde você tem uma oferta muito grande de trabalho e pouca mão de obra, que acaba gerando uma pressão em preços de salários e impacta na inflação”, explica o especialista.
Segundo ele, ‘a grande luta’ nos últimos anos do Fed e de bancos centrais de outros países desenvolvidos é esse de controle da inflação e, o que esse dado mostrou, hoje, é que não só a geração de empregos continua muito forte, como a taxa de desemprego registrou queda acima da expectativa. Além disso, o salário médio subiu acima do consenso.
“Isso tudo corrobora para que o mercado ainda continue apertado, com pressão por preços e inflação ainda se mostrado resiliente, o que vai demandar também dos bancos centrais uma postura mais contracionista, ou seja, manter o patamar de juros esticado – o que vai impactar nos mercados: não só na renda variável, causando uma reação negativa, mas também no mercado de juros, onde as expectativas, não só dos treasuries [títulos do Tesouro norte-americano], que acabam subindo após esse dado, mas também de outras economias como o próprio Brasil”, conclui Luives.
Por volta das 10h20 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,210% de 13,215 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,780 % de 11,780%, o DI
para janeiro de 2026 ia a 11,445 %, de 11,475%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,535 % de 11,520 % na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 4,9770 para venda.
Camila Brunelli / Agência CMA
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