Em decisão unânime, o Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a taxa Selic em 13,75%, em linha com as expectativas do mercado, mas contrária à visão do Bank of America (BofA), que previa um corte de 0,25 ponto percentual. “Dada a nossa percepção do estado da economia, efeitos defasados acumulados do aperto monetário e deterioração do mercado de crédito, adiamos nossa projeção para o início de um ciclo de flexibilização de 425bps para agosto (após a reunião do Conselho Monetário Nacional).
Esperamos um corte inicial de 50pb e a taxa Selic em 11,75% até o ano de 2023 (de 11%), mas continuamos esperando a taxa em 9,50% até o ano de 2024″, projeta David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America.
O BCB (Banco Central do Brasil) observou que, em meio à incerteza sobre seus cenários e sobre o balanço de riscos, é adequado manter a taxa Selic para permitir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante. No comunicado, o comitê manteve a promessa de “não hesitar em retomar o ciclo de aperto caso o processo desinflacionário não ocorra conforme o esperado”, mas, em sinal dovish, afirmou que esse é um cenário menos provável. Segundo Deker, a declaração continua dura.
No front externo, o comitê mencionou a continuidade das incertezas sobre o setor bancário externo, mas com o atual contágio das condições financeiras ainda limitado. A inflação global permanece resiliente na visão do conselho. Com relação à economia doméstica, os conselheiros afirmaram que a inflação e suas medidas subjacentes permanecem acima dos níveis consistentes da meta.
Os dados de atividade continuam apontando para a desaceleração esperada, com o mercado de trabalho mais resiliente nas últimas impressões. Além disso, as expectativas de inflação de longo prazo permanecem sem ancoragem. Do lado fiscal, a diretoria reconheceu melhorias, destacando a proposta de regra fiscal. No entanto, o Copom está preocupado com possível diluição do projeto no Congresso e possíveis impactos sobre a dívida pública e as expectativas de inflação.
Preços mais baixos de commodities, desaceleração do crescimento global e desaceleração do mercado de crédito doméstico foram reforçados como riscos negativos. No cenário de referência do BC (Selic em 12,50% para ’23 e 10,00% para 24; BRL em 5,05 e evoluindo com PPP), as projeções de inflação ficaram estáveis em 5,8% para 23 e em 3,6% para 24. As projeções de inflação para preços monitorados, no entanto, subiram para 10,8% em 23 (de 10,2%) e recuaram para 5,2% em 2024 (de 5,3%).
O BCB alterou a expectativa de tarifa extra da bandeira de energia nas contas de luz para verde (de amarelo), em meio a condições favoráveis de fornecimento de energia. No cenário alternativo em que a Selic é mantida em 13,75% no horizonte relevante, as projeções de inflação foram reduzidas para 2,9% no ano de 2024 (de 3,0%).
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