O Ibovespa, e as taxas DI caem, enquanto o dólar opera em alta no mercado financeiro brasileiro nesta terça-feira (2).
O Ibovespa opera em queda puxado pelas ações das empresas ligadas às commodities, como Vale e Petrobras, e em véspera de decisão de juros aqui e nos Estados Unidos. As duas companhias têm forte peso no índice.
A Vale (VALE3) caía 3,67% e Petrobras (PETR3 e PETR4) perdia 4,12% e 3,37% refletindo a queda do minério de ferro e do petróleo no mercado internacional.
Às 12h17 (horário de Brasília) o principal índice da B3 cedia 2,40%, aos 101.906,70 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho caía 1,82%, aos 103.285 pontos. O giro financeiro era de R$ 9,3 bilhões. Em Nova York, os índices operavam em baixa.
Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que a decisão do governo em aumentar o salário mínimo e a alteração da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) impulsionam a atividade econômica, mas “no momento atual isso pode ser ruim porque também deve pressionar a inflação e o mercado fica receoso e espera o comunicado pós-Copom para entender a visão do BC em relação às últimas quedas da inflação, se deve ser pontual ou se o Banco já enxerga essa queda como tendência oficial”.
Leite também acrescenta que a queda do petróleo impacta a Petrobras. “Essa queda é pela dúvida que o mercado tem em relação à possibilidade dos números previstos de crescimento global se concretizaram. A partir do momento que a efetivação do First Republic se efetivar, gera estabilização no sistema financeiro americano e abre novas possibilidades de interpretações em relação ao movimento que o Fed deve anunciar amanhã”.
De acordo com a Commor Corretora, em relatório, a semana no mercado local se com os investidores “repercutindo a compra de ativos do First Republic pelo JP Morgan ontem, o que por si só reforçou que a taxa de juros do Federal Reserve sofrerá mais uma alta de 0,25 ponto percentual na decisão de amanhã; além do Fed, as atenções também ficam para o Copom amanhã que deve manter a Selic em 13,75% ao ano”.
O dólar acelerou o ritmo de alta. Isso reflete a tensão do mercado às vésperas das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e, especialmente, do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Para o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “é uma semana difícil, nervosa. Lá fora está ruim, com bolsas negativas. A dúvida é se vai continuar o aperto de juros ou começar a ceder”. As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) passaram a cair, depois da divulgação do PMI industrial do Brasil, que veio abaixo do esperado, além de ambiente global de incertezas.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) passaram a cair, depois da divulgação do PMI industrial do Brasil, que veio abaixo do esperado.
Quando um dado de inflação, como o PMI brasileiro, vem abaixo do esperado, ele derruba a taxa de juros. Nos EUA, a inflação não está dando sinais de arrefecimento, por isso, a expectativa é que o Fed aumente os juros por lá amanhã. Tudo isso mexe com o mercado, pois traz volatilidade e incertezas, ele explica. É a combinação de todos esses fatores que está trazendo para as taxas esse movimento de oscilação. É essa combinação de fatores, explica o gerente de tesouraria do Braza Bank, Bruno Perottoni.
Há pouco, a S&P Global divulgou que o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial de abril caiu para 44,3 pontos após ter atingido 47,0 pontos em março. É o sexto resultado consecutivo abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que sugere desaceleração econômica.
Entendo que aqui estamos sem espaço para redução dos juros, embora o governo continue forçando esse discurso. Tivemos também o aumento do teto de isenção do imposto de renda, com um impacto significativo na arrecadação do governo – e, consequentemente, um impacto fiscal muito grande, o que dificulta ainda mais o cenário de corte de juros aqui no Brasil, diz Perottoni.
Camila Brunelli / Agência CMA
Imagem: Piqsels