Os problemas financeiros da agência de turismo Hurb (antigo Hotel Urbano) vieram à tona após seu fundador publicar vídeos xingando e expondo dados de clientes. As dificuldades enfrentadas por seus clientes expuseram que a empresa estava em situação crítica em relação às contas e acendem um alerta para todo o setor de turismo.
Vários turistas não conseguiram fazer suas viagens com a empresa, que soma R$ 50 milhões em pendências e atrasos, essencialmente em pagamentos para hotéis — R$ 15 milhões.
Diante do problema, a Hurb tem tido dificuldades para conseguir crédito com bancos. A empresa costumava usar o chamado de “adiantamento de recebíveis” — no qual as instituições emprestam dinheiro tendo como garantia vendas já feitas pela empresa.
Como muitos clientes estão vindo a público dizer que cancelaram ou pretendem cancelar suas compras com a empresa, os bancos dificultam a obtenção desse tipo de empréstimo pela Hurb, informou o jornal Valor Econômico. O Itaú, por exemplo, já teria suspendido os adiantamentos de recebíveis para a Hurb.
A visão dos bancos é que há um grande risco da carteira para o setor de viagens e turismo no momento.
A dificuldade em fechar as contas assombra o setor desde que a pandemia de Covid-19 fechou as fronteiras, em 2020. As ondas da doença e as dificuldades de locomoção se juntaram ao aumento dos juros e da inflação, reduzindo drasticamente o fluxo de turistas.
A CVC Viagens (CVCB3), maior empresa do ramo no Brasil, somava R$ 897 milhões de dívida em dezembro do ano passado e continua operando em negativo. No quarto trimestre de 2022, a companhia somava R$ 961 milhões em recebíveis.
No começo de março deste ano, a CVC fez um acordo com seus credores para adiar o pagamento de suas dívidas com vencimento em 2023.
Prejuízo de R$ 433,4 milhões
No último balanço da empresa, divulgado em março deste ano, a CVC mencionou que teve um prejuízo líquido de R$ 96,8 milhões no 4º trimestre de 2022. Durante todo o ano passado, o prejuízo foi de R$ 433,4 milhões.
Já o Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa, no ano, foi de R$ 166,5 milhões. Em 2021, o valor havia sido negativo, chegando a – R$ 235,05 milhões.
As incertezas entre os investidores são tantas que, nos últimos 12 meses, as ações CVCB3 caíram quase 80%, até atingir o preço dos atuais R$ 2,60.
Desde o começo do ano, a queda foi de 38,82%, sendo que na última semana, após as notícias do caso Hurb, os papéis despencaram mais de 10%.
A perspectiva da própria CVC para os próximos meses não parece ser muito melhor, já que, somente em janeiro deste ano, demitiu 100 funcionários (correspondentes a 4% da companhia).
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