As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, com taxas curtas avançando mais diante da divulgação de dados de inflação do IPCA-15, que indicou aceleração no setor serviços, e de cenário externo desafiador, que puxam as taxas mais longas para baixo, perto da estabilidade.
Na manhã de hoje foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que avançou 0,57% em abril na comparação com março, desacelerando-se em relação à alta apurada no período anterior (0,69%), segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme explicou o economista da Blue Line Asset, Flávio Serrano, a inflação de serviços e os núcleos do IPCA aceleraram em relação ao mês de março, de modo que o resultado acabou pressionando as taxas mais curtas. Segundo a análise de Serrano, o Banco Central (BC) deverá seguir com o discurso conservador no Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem.
Já o cenário externo desafiador não se limita aos Estados Unidos, diz o economista: “As commodities também estão em queda: petróleo, soja, trigo”, contextualiza.
A economista Paloma Lopes, da Valor Investimentos, disse que o mercado respondeu automaticamente à divulgação do IPCA-15 e quehá expectativa de que possa haver redução da Selic (taxa básica de juros), apesar de a maioria acreditar na manutenção da taxa – “ainda mais depois das falas [ontem, em sabatina no Senado] do Campos Neto [Presidente do Banco Central brasileiro]”, diz. Paloma relatou, ainda, que diversos deputados registraram que o texto do arcabouço fiscal vai mudar. “Isso gera uma expectativa não boa para o mercado”, conclui.
“O destaque dessa divulgação foi a inflação de alimentação. O dado chama a atenção pela sazonalidade do indicador: abril é o mês com a maior média sazonal de altas de preços de alimentação e verificamos uma variação negativa de -0.15%, avalia o economista da Tenax Capital, Amabile Ferrazoli.
De acordo com diversos especialistas, a janela é bastante positiva para o de bens alimentícios. “Viveremos safras recorde no Brasil em 2023. Combinado à apreciação cambial vivida até então, o índice de preços global de itens alimentícios (CRB Food) já cai 7% em moeda local. Assim, se mantida a tendência, haverá espaço para descompressão de um grupo importante de bens na composição do IPCA (lembrando que alimentação no domicílio tem um peso de 16% no índice).”
Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,235% de 13,185% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,885 % de 11,960%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,640 %, de 11,580%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,740% de 11,760 % na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava baixa, cotado a R$ 5,0540 para venda.
Camila Brunelli / Agência CMA
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