A corretora Inter divulgou um relatório sobre as perspectivas dos resultados do primeiro trimestre de 2023 dos quatro principais bancos brasileiros: Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil.
Para os analistas da corretora, os resultados serão impactados pela desaceleração da carteira de crédito, maiores despesas com Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) devido a cenário ainda de deterioração na qualidade de crédito PF e PJ, maior competição e pressão em tarifas e pressão regulatória, principalmente em teto de juros, como já visto no consignado e risco de teto no cartão de crédito.
“O movimento de desaceleração vem se desenhando desde o quarto trimestre de 2022, no qual os bancos já estavam observando uma maior deterioração da qualidade de crédito em linhas sem garantia, como o cartão de crédito, cheque especial, crédito não-consignado e veículos. O cenário piorou quando o setor corporativo começou também a sentir os efeitos dos juros elevados e o endividamento passou a colocar em xeque as companhias mais alavancadas e, após o caso Americanas, o cenário também passou a ficar mais restritivo nas concessões”, explicou a análise.
A corretora afirmou que dá preferência a bancos com carteiras de crédito com maior concentração em produtos colateralizados, caso do Banco do Brasil, que diante do atual cenário e com uma tesouraria com resultados robustos deve ainda reportar bons resultados em 2023 e
manter um ROE elevado.
Sobre o Itaú, o Inter destacou que o banco continua mostrando maior solidez dentre os bancos privados, mas pode começar a sentir os efeitos de uma maior deterioração da qualidade de crédito.
Para Bradesco e Santander, a corretora disse que continua pessimistas com os resultados pelo menos até o final do primeiro semestre, diante da inadimplência alta e resultados com tesouraria mais fracos.
“O Santander Brasil deve apresentar uma redução no NII, reflexo do aumento do mix para uma carteira mais colateralizada, o que traz menores spreads, e os benefícios no NPL ainda devem vir conforme as safras de crédito vão se renovando”, destacou.
Por fim, a corretora manteve recomendação neutra para os quatro bancos, com os seguintes preços-alvos: Bradesco (R$ 13/ação), Banco do Brasil (R$ 49/ação), Itaú Unibanco (R$ 28) e Santander Brasil (R$ 29/ação).
A Genial Investimentos fez uma análise sobre o Bradesco, apontando que o resultado em 2023 deverá ser fraco, com rentabilidades inferiores que de seus pares (Itaú e Banco do Brasil).
“Em 2023, o Bradesco arrumará a casa, em busca de combustível para voltar a melhorar a rentabilidade em 2024 quando vemos maiores gatilhos de valorização das ações”, explicou a Genial.
A corretora enfatizou que, apesar de já ter provisionado 100% dos créditos tóxicos de Americanas com potencial de reversão caso seja repactuado, o Bradesco deverá ter uma agenda de crescimento relevante de lucro em 2023, como o Itaú.
“Acreditamos que o banco continuará sendo pressionado pelo mix da carteira de crédito, principalmente pelas exposições a pessoa física baixa renda e safras antigas, fazendo com que ainda tenha fortes despesas de provisão de crédito para o primeiro semestre de 2023 com a carteira de crédito crescendo próximo do projetado pela Febraban para o mercado, ficando no meio do guidance disponibilizado pelo banco em 8% a/a. Por fim, o resultado de tesouraria (margem com mercado) ainda deve ser negativo, podendo ter uma melhora para a segunda metade do ano caso tenha uma queda da taxa de juros”, concluiu a corretora.
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Emerson Lopes / Agência CMA
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