O Itaú BBA elevou suas projeções para a Copel, definindo um novo preço-alvo para 2023 a R$ 9,6 por ação (de R$ 7,4/) e manteve o rating “outperform” (equivalente à compra) para o nome, devido às maiores as chances de privatização e avaliação positiva de risco e retorno da companhia entre as ações sob sua cobertura. O novo preço-alvo assume uma chance de 75% de privatização e implica um upside de 26% sobre o preço atual da ação (TIR implícita de 13%).
A análise lista os fatos que apontam para uma evolução do processo de privatização da companhia, como a a aprovação do Projeto de Lei 493/2022, que visa transformar a Copel em sociedade anônima de capital fechado em 24 de novembro de 2022; a resolução do Ministério de Minas e Energia (MME) estabelecendo bônus de concessão para renovação de três usinas hidrelétricas, em 11 de abril; e o acordo entre o governo do Paraná e o Itaú, na última segunda-feira (10/4), que pôs fim a uma antiga disputa e suspendeu as restrições ao governo do estado de vender suas ações na oferta secundária.
O banco cita que os próximos marcos importantes são a aprovação dos termos da privatização e a definição do preço mínimo de acompanhamento pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná e que, assim como no caso da privatização da Eletrobras, o preço mínimo não será divulgado, mas deverá estar acima do valor contábil, que foi de R$ 7,7/ação no 4T22. “Vemos isso como um dos principais riscos do negócio: se o preço mínimo for muito alto, pode não haver demanda suficiente. A empresa espera que o follow-on aconteça até outubro de 2023, com o bônus de concessão sendo pago em novembro”, comenta o Itaú BBA, em relatório.
O Itaú BBA espera que a Copel se torne uma sociedade anônima por meio de uma oferta secundária, com o governo do Paraná reduzindo sua participação, diferentemente da operação da Eletrobras, em que a oferta foi majoritariamente primária. Neste caso, o estado do Paraná vende parte de sua participação, mas mantém pelo menos 15% do capital total. O projeto também estabeleceria um limite de poder de voto de 10% para qualquer acionista, inclusive o estado, e proibiria acordos de acionistas de votar em bloco (caso excedam o limite de 10%). “Acreditamos que haverá uma oferta primária para pagar parte do bônus de concessão, mas é provável que seja menor do que a oferta secundária. O BNDES ainda não decidiu se venderá parte de sua participação (atualmente 24%), mas, a nosso ver, não.”
O Itaú BBA também avalia que os benefícios da privatização mais do que compensam o rico bônus de concessão que terá de ser pago para renovar as concessões de geração e cita que, em 11 de abril, o MME publicou resolução final que estabeleceu bônus de concessão de R$ 3,719 milhões (valor que a empresa terá de pagar para renovar as concessões das usinas hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias por mais 30 anos). “Esse valor ficou abaixo dos R$ 4 bilhões previstos pela empresa, mas ainda acima do nosso VPL estimado de R$ 3,1 bilhões. Acreditamos que o governo federal assumiu uma curva de preço de energia muito mais alta do que em nosso caso base.”
A análise cita mais ganhos de eficiência, ainda que bem menores do que os projetados para a privatização da Eletrobras. “Depois de fazer alguns cálculos para comparar as métricas de PMSO da Copel com as de concessionárias privadas, estimamos que a Copel poderia reduzir até R$ 570 milhões em custos (equivalente a cerca de 15% de seu opex atual). Para a Eletrobras, assumimos uma redução de custo de 50%.”
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Cynara Escobar / Agência CMA
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