A XP Investimentos avaliou como positivas as recentes mudanças metodológicas foram implementadas na Pesquisa Mensal do Comércio, divulgadas pelo O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE).
As séries de dados são baseadas em um novo conjunto informacional de 2022, ou seja, há uma espécie de ruptura em relação às séries anteriores. “Avaliamos como positivas as mudanças e atualizações realizadas. Dito isso, não há impacto relevante em nossas perspectivas para o varejo brasileiro, pelo menos por enquanto: continuamos prevendo um crescimento moderado do consumo das famílias neste ano.”
De acordo com as primeiras impressões da XP, as vendas no varejo brasileiro cresceram em janeiro de 2023 em relação a dezembro de 2022, praticamente em linha com as expectativas. O varejo restrito no qual são excluídos veículos, materiais de construção e atacado de alimentos, bebidas e fumo subiu 3,8% na comparação mensal (XP: 3,5%; Consenso: 3,4%), compensando as quedas acentuadas nos últimos dois meses de 2022. “Como já argumentamos, os resultados dessa zonalizados das vendas no varejo devem ser vistos com cautela.”
Algumas atividades do varejo foram fortemente afetadas pela Copa do Mundo e pela Black Friday no final do ano passado. Nesse sentido, destacamos a atividade de ‘Tecidos, vestuário e calçados’, que disparou 27,9% MoM em janeiro, após uma queda de cerca de 15% de setembro a dezembro. Além dos eventos já mencionados, vale lembrar o comportamento volátil de seu deflator nos últimos meses.
Por sua vez, o índice do varejo ampliado avançou 0,2% em janeiro frente a dezembro (XP: 0,9% Consenso: 0,6%), a segunda alta (tímida) consecutiva. Mais uma vez, vale destacar que a nova pesquisa do varejo incluiu estatísticas do ‘Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo’, que caiu 0,9% na comparação anual (ainda não há série com ajuste sazonal) e dificultou nossa tarefa de estimativa para o varejo ampliado.
“Para suavizar os movimentos marginais acentuados, preferimos observar o trimestre móvel das vendas no varejo: o índice ampliado avançou apenas 0,2% no trimestre, enquanto o índice restrito caiu 0,8% no trimestre encerrado em janeiro de 2023. Esses cálculos corroboram nossa visão de virtual estagnação do varejo brasileiro no curto prazo”, dizem os especialistas da XP.
Na comparação anual, as vendas no varejo restrito avançaram 2,6% em janeiro (XP: 1,7% consenso: 1,6%), enquanto as vendas do varejo ampliado aumentaram 0,5% (XP: 2,4%; consenso: 1,6%) .
As vendas do varejo ampliado ficaram estáveis no 1S22 e caíram 1,5% no 2S22, conforme a nova pesquisa (em relação ao semestre anterior, excluindo efeitos sazonais). A pesquisa anterior teve praticamente as mesmas taxas de variação (0,2% e 1,2%, respectivamente). Enquanto isso, as vendas no varejo restrito aumentaram 0,8% no 1S22 e caíram 0,2% no 2S22 de acordo com a pesquisa atualizada, de 1,5% e -1,0% no conjunto de dados anterior. Com isso, o índice do varejo ampliado caiu 0,6% em 2022, enquanto o varejo restrito cresceu 1,0%, mesmo resultado da pesquisa anterior.
Em suma, a reformulação da pesquisa mensal não alterou significativamente as perspectivas para as vendas do varejo brasileiro em 2023. Continuamos esperando um crescimento moderado para o consumo, conforme discutido em nosso relatório O aumento da renda disponível das famílias evitará piora acentuada do consumo ao longo de 2023. Segundo nossos cálculos, a renda real das famílias crescerá 3,5% neste ano, sustentando atividades varejistas como supermercados, alimentos, bebidas, produtos farmacêuticos e de higiene pessoal. Por outro lado, os segmentos mais sensíveis ao crédito provavelmente enfrentarão um ano desafiador.
Condições de crédito ainda mais apertadas e elevado endividamento das famílias devem pesar sobre as atividades de varejo como veículos, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e material de construção nos próximos meses. “Projetamos que as vendas totais do varejo crescerão em torno de 1,5% em 2023. Nosso cenário base considera um crescimento de 1% para o PIB total.”
Com relação à distribuição setorial, 8 das 10 atividades do varejo monitoradas pelo IBGE cresceram em janeiro em relação a dezembro (sem considerar o Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo). Além do expressivo incremento em Têxteis, Vestuário e Calçados os destaques foram: Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (7,4% MoM; 1,1% QoQ); Materiais de construção (2,9% MoM; 3,3% QoQ); e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,3%; 0,5% QoQ).
“Prevemos uma tendência de alta consistente ainda que moderada desta última categoria ao longo de 2023, no esteio do aumento da renda disponível das famílias”, conclui a XP.
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Camila Brunelli / Agência CMA
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