O dólar fechou a sessão desta quarta-feira (29) em alta de 1,07%, cotado a R$ 5,20 — maior valor de fechamento desde 18 de abril —, refletindo a cautela dos investidores, já que amanhã não haverá sessão devido ao feriado de Corpus Christi.
Segundo o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “vemos muita cautela hoje, e sexta a liquidez deve ser bastante reduzida”.
Na opinião de Komura, o Livro Bege, divulgado nesta tarde, não trouxe nenhuma novidade, apenas reforçando o discurso duro dos diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e que os cortes não devem começar em setembro, mas apenas na última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em dezembro.
A alta também foi impulsionada pelo fortalecimento global da moeda americana, especialmente em comparação com divisas emergentes, e pelo aumento das taxas dos Treasuries, que são títulos do governo dos Estados Unidos.
Os Treasuries com vencimento mais longo tiveram um aumento nas taxas de juros devido à demanda abaixo da média em leilões recentes. Isso pressionou ainda mais as moedas emergentes, como o real. A taxa da T-note de 10 anos, por exemplo, voltou a superar 4,60%, alcançando uma máxima de 4,6362%.
Impactos do feriado de Corpus Christi no mercado cambial
No mercado interno, a percepção de aumento do risco fiscal e dúvidas sobre a credibilidade da política monetária também contribuíram para a alta do dólar, embora de forma menos significativa. Além disso, a proximidade do feriado de Corpus Christi, que mantém o mercado fechado nesta quinta-feira, levou investidores a anteciparem a rolagem de posições no segmento futuro, típico de fim de mês.
O contrato de dólar futuro para junho teve um volume de negociações acima de US$ 15 bilhões, indicando um alto nível de atividade no mercado. Ontem, investidores estrangeiros aumentaram sua posição comprada em derivativos cambiais em US$ 1,45 bilhão, totalizando US$ 66,4 bilhões, conforme dados da B3 compilados pela Warren Investimentos.
Expectativas para o dólar com dados econômicos dos EUA
Amanhã, será divulgada a segunda leitura do PIB dos EUA para o primeiro trimestre e o deflator do índice de preços de gastos com consumo (PCE). Na sexta-feira, sairá o PCE de abril, que é a medida de inflação preferida pelo Federal Reserve (Fed). A postura cautelosa do Fed, baseada em dados recentes de emprego e inflação, tem influenciado o mercado.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a seis divisas fortes, voltou a superar os 105,00 pontos, chegando a 105,121 pontos. Entre as moedas emergentes, o peso chileno foi o mais afetado, com uma queda superior a 1,5%, refletindo a devolução de ganhos recentes devido à queda nos preços do cobre.
O Banco Central informou que o fluxo cambial total em maio, até o dia 24, foi negativo em US$ 1,958 bilhão, com saídas líquidas de US$ 5,019 bilhões pelo canal financeiro. Em abril, o fluxo total havia sido positivo em US$ 1,785 bilhão.
*Com informações da Agência CMA