A produção de café arábica no Cerrado Mineiro foi fortemente impactada pelas condições climáticas adversas no período da florada, entre agosto e setembro de 2024.
A Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer), que reúne 740 produtores, previa inicialmente a comercialização de 1,5 milhão a 1,6 milhão de sacas e agora deve se manter no mesmo patamar da safra passada, de 1,4 milhão de sacas, conforme publicado pelo Globo Rural.
Segundo Simão Pedro de Lima, presidente da Expocacer, cerca de 25% da safra foi vendida antecipadamente — abaixo da média histórica, que varia de 30% a 40%.
A expectativa é de uma safra com maior dependência de vendas spot, ou seja, no mercado físico, dependendo dos preços e das necessidades financeiras dos produtores.
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Falta de chuvas compromete safra de 2025
Altas temperaturas e falta de chuvas reduziram o potencial produtivo das lavouras, com efeitos diretos sobre os volumes colhidos e comercializados em 2025.
A colheita dos cooperados está entre 12% e 15% da área plantada, em linha com o ritmo do ano passado. Além da seca após a primeira florada, houve um segundo período seco entre fevereiro e março, prejudicando o tamanho e o peso dos grãos.
Lima enfatiza um aumento no percentual de grãos tipo “moca” — grãos arredondados que se formam quando apenas um grão se desenvolve no fruto, em vez de dois. Esse percentual está em torno de 14%, o dobro da média histórica de 7% a 8%.
Outras regiões também esperam queda na safra
A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), maior do mundo, com mais de 20 mil cooperados, também aponta impactos negativos.
Nas regiões onde atua — sul de Minas, Média Mogiana e Cerrado Mineiro —, o veranico do início do ano prejudicou as lavouras.
A projeção de vendas em 2025 é de cerca de 6 milhões de sacas, abaixo das 6,6 milhões do ano anterior.
Seca reduz safra do Guima Café em 44%
O Guima Café, produtor de cafés especiais do grupo BMG, iniciou a colheita no fim de maio com previsão de produzir 19,5 mil sacas, uma queda de 44% em relação à safra anterior.
A empresa cultiva o grão em área irrigada de 670 hectares, nos municípios de Patos de Minas e Varjão de Minas.
Segundo Bruno Siqueira Sampaio, gestor do Guima Café, entre dezembro e fevereiro os cafezais enfrentaram um veranico de 45 dias. Embora as chuvas de abril tenham favorecido a fase final da safra, os danos já haviam sido causados.
Estratégias de adaptação no campo
Para mitigar os efeitos da seca e das ondas de calor, o Guima Café vem adotando práticas sustentáveis, como uso de cobertura vegetal entre as fileiras de café e a redução do uso de adubos químicos em favor da adubação orgânica.
Desde 2021, a empresa também cultiva árvores e arbustos entre os cafezais para formar corredores ecológicos. Essas áreas ajudam no controle climático, atraem polinizadores e favorecem o sequestro de carbono.
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Maior produtor de café deve colher menos em 2025
Minas Gerais, maior estado produtor de café do Brasil, deve registrar uma queda de 7,1% na safra atual, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A produção deve recuar para 26,09 milhões de sacas, refletindo o impacto do clima sobre as lavouras mineiras.