“Uma postura construtiva em relação à Vale foi positiva durante vários anos, desde 2017, mas tem sido muito dolorosa há mais de um ano”. É assim que o BTG Pactual inicia a análise que marca o fim da recomendação de compra das ações da Vale (#VALE3) pelo banco.
Os analistas do BTG já tinham dados sinais que a maior mineradora do mundo já não era sua favorita quando a removeram da famosa carteira recomendada (10SIM), neste mês. Ao divulgar a mudança, o banco havia apenas comentado a queda no preço do minério de ferro, mas nesta terça-feira (5), o relatório deixa claro há muito mais para se preocupar do que a cotação da commodity.
Segundo o banco, o rebaixamento é “claramente tardio”, já que as ações vêm oscilando em suas mínimas e a empresa está sofrendo “pressão de venda anormal de fundos estrangeiros por mais de um ano”.
Apesar da ação estar “barata”, perto de patamares de preço anteriores, o BTG acredita isso não que compensa o risco: “Calculamos rendimentos de fluxo de caixa (cashflow yield, pós-provisões) de 9-10%, o que acreditamos não ser (alto) suficiente para compensar todos esses riscos”.
VALE3: Ação próxima dos R$ 67 indica novos movimentos – Veja Análise Técnica!
Por que o BTG rebaixou a recomendação da Vale?
O cenário para a Vale foi impactado por diversos fatores, incluindo ruídos relacionados à escolha do próximo CEO e questões em torno da Samarco/Renova, que indicam possíveis novas provisões financeiras significativas. Adicionalmente, interrupções operacionais no estado do Pará e uma divisão clara entre os membros do conselho sobre a direção futura da empresa adicionam camadas de incerteza ao panorama atual.
A Vale entrou inclusive em rota de colisão com o presidente Lula, o que virou assunto da última coluna de Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, para a Folha de S.Paulo: Ao falar de Vale e Petrobras, Lula e Prates erram a mira
Na prática, o que o BTG Pactual dá a entender no seu relatório é que, apesar das ações estarem “baratas” — não há como definir um preço para o risco político atualmente associado à companhia. Seja a pressão da China ou os desafios enquanto a escolha do próximo CEO ou o novo processo contra a empresa, a Vale é hoje mais uma “armadilha de valor” do que uma oportunidade atraente de investimento.
A recomendação é esperar os assuntos se resolverem para depois ver o dano nas ações.
Perspectivas da VALE3 a longo prazo e preço-alvo
Embora a análise do BTG Pactual aponte para um cenário menos otimista para a Vale no curto prazo, há elementos que poderiam alterar essa visão.
Iniciativas de estímulo por parte das autoridades chinesas ou uma resolução rápida e favorável em relação à escolha do CEO e às questões da Samarco poderiam impactar positivamente as ações da empresa. Entretanto, a visibilidade para tais desdobramentos permanece baixa.
O banco rebaixou a recomendação para neutra e o preço-alvo para R$ 77. Hoje, às 15h50, as ações caem 1%, cotadas a R$ 66,03.
Análise técnica de VALE3
Em uma avaliação técnica focada no desempenho das ações da Vale, Alan dos Santos, especialista do método PhiCube, aponta que a empresa navega por águas turbulentas devido à volatilidade do minério de ferro e à troca iminente de comando, mas tem conseguido segurar um preço estável de suas ações.
Do ponto de vista técnico, as ações da Vale estão encontrando um ponto de equilíbrio em torno de R$ 65, com barreiras imediatas situadas entre R$ 67 e R$ 68. Apesar dos esforços, as tentativas de ultrapassar essas resistências não obtiveram sucesso, reforçando a robustez desses limites. Importante ressaltar também que o suporte em R$ 61 tem se mostrado fundamental para a cotação da ação nos últimos anos. Uma queda abaixo desse patamar pode ser um sinal de alerta para os investidores, indicando potencial para uma desvalorização até R$ 53.
Veja o vídeo abaixo: