O Banco Central Europeu (BCE) reduziu nesta quinta-feira (5) a taxa de juros do bloco em 0,25 ponto percentual, que passou de 2,25% para 2% ao ano. A decisão já era amplamente esperada pelo mercado e ocorre em meio à desaceleração da inflação na região, que recuou para 1,9% em maio, abaixo da meta de 2%.
As demais taxas de juros também foram reduzidas: a taxa de refinanciamento caiu de 2,4% para 2,15%, e a taxa de empréstimo, de 2,65% para 2,4%. As mudanças passam a valer a partir de 11 de junho.
Esse é o oitavo corte consecutivo promovido pelo BCE desde o pico de juros de 4% em meados de 2023, totalizando uma redução acumulada de 2 pontos percentuais.
Revisão nas projeções de crescimento e inflação
O BCE atualizou suas projeções macroeconômicas com ajustes nas estimativas de inflação, núcleo da inflação e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
- Projeção de inflação: para 2025 foi reduzida de 2,3% para 2%, e para 2026, de 1,9% para 1,6%. Para 2027, a estimativa foi mantida em 2%.
- Núcleo da inflação (que exclui os preços de energia e alimentos): para 2025 subiu de 2,2% para 2,4%, enquanto a de 2026 foi reduzida de 2% para 1,9% e a de 2027, de 1,9% para 1,3%.
Em relação ao PIB, o BCE manteve a projeção de crescimento em 0,9% para 2025, reduziu de 1,2% para 1,1% a previsão para 2026 e manteve a estimativa de 1,3% para 2027.
BCE diz que política monetária será orientada por dados
No comunicado ao mercado, o BCE afirmou que continuará adotando uma abordagem “dependente de dados”, com as decisões futuras sendo baseadas na avaliação das perspectivas de inflação, nas condições econômicas e na transmissão da política monetária.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, reforçou que o corte atual não implica necessariamente em novas reduções.
“Estamos em uma boa posição para lidar com as incertezas futuras. Isso não significa que terminamos nosso ciclo de cortes”, afirmou. Ela destacou que o conceito de “taxa neutra” não foi debatido na reunião.
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Custos trabalhistas em trajetória de queda
Segundo o BCE, os custos trabalhistas estão em trajetória de queda e o rastreador de salários sugere mais flexibilização em 2025. Ao mesmo tempo, um euro mais forte e tarifas comerciais mais altas devem dificultar as exportações da região.
Lagarde afirmou que o crescimento ainda enfrenta riscos negativos, principalmente por tensões comerciais e incertezas globais. No entanto, fatores como mercado de trabalho forte, aumento da renda e investimentos em infraestrutura e defesa podem apoiar a economia no médio prazo.
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Impacto da decisão do Banco Central Europeu nos mercados
Logo após o anúncio do corte de juros e início do pronunciamento da presidente do BCE, o euro avançou 0,35%, cotado a US$ 1,14.
No mercado futuro, investidores reduziram as apostas para novos cortes de juros até o fim de 2025. Antes da decisão, precificavam 31 pontos-base de cortes adicionais; agora, esse número caiu para 26 pontos-base.
Apesar da flexibilização de hoje, Lagarde disse que “não excluiria revisões para cima no crescimento”, dependendo do cenário.
Segundo ela, o BCE está “chegando ao fim de um ciclo de política monetária que respondeu a choques compostos, incluindo a pandemia de COVID, a guerra na Ucrânia e a crise energética”.
A presidente do BCE encerrou a coletiva com uma analogia: “Voltas da vitória são sempre boas, mas sempre há outra batalha”, sinalizando que o cenário global ainda exige cautela.
