O Banco Central do Japão (BoJ) decidiu nesta terça-feira (17) manter a taxa de juros de curto prazo em 0,5%, conforme era amplamente esperado pelos mercados, com decisão unânime entre os membros do Comitê de Política Monetária.
Além disso, o BoJ anunciou que vai desacelerar o ritmo de redução do seu balanço patrimonial a partir do ano fiscal de 2026, optando por uma retirada mais lenta dos estímulos monetários implementados ao longo da última década.
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Corte nos títulos do Japão será mais lento até 2027
No plano atual de aperto quantitativo (QT, na sigla em inglês), o BoJ pretende reduzir a compra de títulos do governo japonês em 400 bilhões de ienes por trimestre. Com isso, as compras mensais devem cair para cerca de 3 trilhões de ienes até março de 2026.
Com a decisão anunciada hoje, esse ritmo será ajustado a partir de abril de 2026 — o banco passará a cortar apenas 200 bilhões de ienes por trimestre, reduzindo as compras mensais para cerca de 2 trilhões de ienes até março de 2027.
Segundo o BoJ, esse novo ritmo de desaceleração foi ajustado com base em discussões com diversos participantes do mercado em reuniões realizadas no mês passado.
Divergência na decisão sobre os títulos
Apesar da decisão unânime sobre a taxa de juros, houve divergência interna sobre o novo ritmo de redução do balanço.
Naoki Tamura, considerado um dos membros mais conservadores da diretoria, votou contra a alteração no QT. Ele defendeu que as reduções continuassem no ritmo original de 400 bilhões de ienes por trimestre ao longo de todo o ano fiscal de 2026.
A oposição de Tamura ressalta a preocupação de parte da diretoria com o ritmo mais lento de aperto e seus possíveis impactos na credibilidade da política monetária.
Mercado de títulos e cautela após volatilidade
A decisão de desacelerar a redução dos estímulos ocorre após a recente alta nos rendimentos dos títulos públicos superlongos do Japão. O movimento elevou preocupações sobre o impacto do aperto monetário no mercado de renda fixa.
Ao suavizar o ritmo do QT, o BoJ sinaliza preocupação com a estabilidade dos mercados financeiros. A presença dominante do banco no mercado de títulos japoneses torna qualquer ajuste uma medida sensível.
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Cenário global impõe incertezas
O presidente do BoJ, Kazuo Ueda, destacou que o ambiente internacional segue desafiador, com a escalada das tensões no Oriente Médio e a política comercial dos Estados Unidos complicando a condução da política monetária do Japão.
Segundo Ueda, a alta nos preços do petróleo, se mantida, pode ter impacto sobre a inflação subjacente, o que justificaria uma ação futura do Banco Central.
“As consequências da incerteza comercial podem pesar sobre os pagamentos de bônus de inverno das empresas e sobre as negociações salariais com os sindicatos no próximo ano”, declarou Ueda, durante entrevista coletiva.
Mesmo que os conflitos comerciais se estabilizem, Ueda reforçou que “há uma incerteza muito grande sobre como isso poderia afetar a economia”.