Nesta quinta-feira (5), os investidores aguardam novos dados do mercado de trabalho dos EUA, o que pode fornecer pistas importantes sobre o rumo da política monetária do Federal Reserve (Fed).
O relatório ADP, que será divulgado às 9h15, mostrará a criação de empregos no setor privado. Em seguida, às 9h30, saem os pedidos semanais de seguro-desemprego, enquanto às 10h45 será divulgado o PMI composto dos EUA de agosto. Amanhã, o mercado estará atento ao aguardado relatório de emprego oficial, o payroll.
Os números podem influenciar diretamente o ritmo de cortes de juros pelo Fed, cuja reunião está marcada para o próximo dia 18. Se os dados de emprego vierem mais fracos do que o esperado, isso pode aumentar a probabilidade de uma redução mais rápida nas taxas de juros americanas, impactando o mercado global.
Cenário global: mercados reagem a dados fracos
Os dados de manufatura e o relatório JOLTS, divulgados ontem, já trouxeram sinais de uma desaceleração econômica nos EUA, pressionando as bolsas e elevando o rendimento dos títulos do Tesouro americano (treasuries).
O índice S&P 500 futuro opera estável nesta manhã, enquanto o Stoxx Europe recua 0,3%. Na Ásia, o índice Nikkei, do Japão, fechou em queda de 1,1%, enquanto o Shanghai registrou uma leve alta de 0,1%.
Outros indicadores importantes também mostram cautela. O yield do treasury de 10 anos avança para 3,76%, refletindo a maior busca por segurança pelos investidores, enquanto o petróleo WTI sobe 0,3%, cotado a US$ 69,38 o barril.
O minério de ferro, por outro lado, recua 1,7% em Singapura, cotado a US$ 90,95, com a demanda enfraquecida por conta da desaceleração nas economias da China e dos EUA.
Indicadores globais:
- S&P 500 Futuro: Estável
- STOXX Europe 600: -0,3%
- FTSE 100: -0,1%
- Nikkei 225: -1,1%
- Hang Seng: -0,1%
- Shanghai Composite: +0,1%
- MSCI EM: +0,2%
- Dollar Index: -0,1%
- Yield 10 anos: +0,9bps, 3,7646%
- Petróleo WTI: +0,3%, US$ 69,38
- Minério de Ferro Singapura: -1,7%, US$ 90,95
- Bitcoin: -2,3%, US$ 56.704,63
Cenário doméstico
No Brasil, o Ibovespa fechou o pregão de ontem em alta de 1,31%, a 136.111 pontos, impulsionado por expectativas de corte de juros nos EUA e pela divulgação de um PIB brasileiro acima do esperado. O movimento contraria a tendência das principais bolsas internacionais, que fecharam no vermelho.
O dólar encerrou a quarta-feira praticamente estável, com leve variação de -0,01%, cotado a R$ 5,64. Esse cenário reflete a cautela dos investidores em relação ao cenário internacional e à política fiscal doméstica.
Hoje, o mercado brasileiro também observa de perto a fala do diretor de política monetária do Banco Central, Diogo Guillen, a partir das 13h.
Outros dados importantes da agenda brasileira incluem a divulgação da produção de veículos em agosto pela Anfavea, às 10h, e a balança comercial, às 15h30.
Além disso, a revisão da bandeira tarifária para setembro, que passou de vermelha nível 2 para nível 1, deve aliviar os custos da energia e ter impacto positivo sobre a inflação medida pelo IPCA.
Empresas
A Azul anunciou um aumento de capital privado de US$ 200 milhões, enquanto a Prio divulgou uma produção de 71,7 mil barris por dia em agosto, uma queda de 26,8% em relação ao ano anterior. A Santos Brasil movimentou 136 mil contêineres em agosto, representando um aumento de 16,2% em comparação anual.
Outros destaques incluem a Allos, que investirá R$ 216 milhões na ampliação do Shopping Campo Grande, e a Iguá Saneamento, que venceu um leilão de concessão em Sergipe com uma oferta de R$ 4,5 bilhões.
A Petz anunciou o pagamento de R$ 130 milhões em dividendos intermediários, equivalente a R$ 0,28 por ação.
Perspectivas para o pregão
O mercado segue cauteloso nesta quinta-feira, com os índices futuros dos EUA indicando estabilidade: o S&P 500 futuro opera estável, e o Dow Jones futuro registra alta de 0,11%.
Com o cenário internacional misto, o foco dos investidores estará nas novas sinalizações do mercado de trabalho americano e no impacto da revisão da bandeira tarifária sobre a inflação brasileira.
Os investidores brasileiros também acompanharão de perto as falas das autoridades econômicas locais e os dados da produção industrial e balança comercial, que podem influenciar o comportamento do mercado nos próximos dias.
Imagem: Piqsels