A Americanas protocolou a petição inicial de recuperação judicial ajuizada na 4a. Vara Empresarial do Rio de Janeiro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em que cita entre os motivos, que “alguns poucos credores, sem pensar nos impactos para a coletividade, tomaram medidas precipitadas que culminaram no perigoso esvaziamento do caixa da companhia e, consequentemente, inviabilizaram a sua operação a curto prazo e uma solução negocial coletiva sem o remédio recuperacional.”
“Todo o caixa da empresa vem sendo dragado por instituições financeiras detentoras de créditos contra o Grupo Americanas sujeitos aos efeitos desta recuperação judicial. O risco, então, caso não seja deferido o imediato processamento desta recuperação judicial, é de um absoluto aniquilamento do fluxo de caixa do Grupo Americanas, o que impedirá o cumprimento de obrigações diárias indispensáveis ao exercício da atividade empresarial, tal como o pagamento de fornecedores e funcionários”, diz a varejista na petição de RJ.
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A varejista alega ter buscado o ajuizamento da tutela cautelar de caráter antecedente, a fim de evitar danos irreversíveis ao seu caixa, essencial para o funcionamento de uma grande empresa do setor varejista.”
A empresa prossegue destacando que, “menos de 6 horas depois da divulgação ao mercado do fato relevante, em 11.1.2023, sobre as inconsistências nas demonstrações financeiras da Companhia, alguns credores, sem qualquer embasamento contratual ou legal, já haviam declarado o vencimento antecipado das obrigações da companhia, alguns assenhorando-se de valores bilionários, fechando as portas para qualquer tipo de negociação amigável viável.”
Segundo a empresa, os credores apropriaram-se de “expressivos valores”, que não foram devolvidos até agora. O documento cita “valores ilicitamente usurpados pelo BTG e pelo Banco Votorantim” e o bloquei de R$ 1,5 bilhão pelo desembargador Flávio Horta Fernandes, relator do mandado de segurança impetrado igualmente pelo BTG, que deferiu a medida liminar para determinar que o montante compensado fique depositado em uma conta vinculada a esse banco e indisponível para as requerentes
“Esses fatos, isoladamente, já tornariam extremamente difícil a continuidade das operações do Grupo Americanas por 30 dias, concedidos por esse mesmo Juízo, mas a situação ficou ainda pior em razão dos consecutivos rebaixamentos de rating da Americanas, pelas agências de classificação de risco, o que fez com que os bancos se negassem a adiantar recebíveis de cartão de crédito, operação rotineira e historicamente feita pelo Grupo Americanas para capital de giro, drenando mais de R$ 3 bilhões do caixa da companhia”, diz a petição.
A varejista diz gerar mais de 100 mil empregos diretos e indiretos, arrecadar mais de R$ 2 bilhões em tributos por ano, além de manter, aproximadamente, 3.600 estabelecimentos espalhados por todo o país, atendendo a mais de 50 milhões de consumidores.
Análise preliminar da área contábil da companhia, por meio do relatório gerencial de fluxo operacional, que estima que os valores das inconsistências sejam da ordem de R$ 20 bilhões, na data base de 30.9.2022, o que poderá elevar o endividamento financeiro do Grupo Americanas para o montante aproximado de R$ 40 bilhões.
“Além do levantamento detalhado que já está sendo realizado pelo Comitê Independente criado para apurar as eventuais irregularidades, liderado pelo renomado jurista e ex-diretor da CVM, Dr. Otávio Yazbek, as negociações com os bancos estão sendo intermediadas pelo Rothschild & Co. Da mesma forma, a Americanas busca se reestruturar internamente, tanto que já nomeou a executiva Sra. Camille Loyo Faria para o cargo de nova diretora financeira (CFO), explica o documento.
Cynara Escobar / Agência CMA
Imagem: divulgação
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