O dólar fechou em queda de 2,06%, cotado a R$ 5,0290. A moeda norte-americana refletiu o aumento de 0,75% nos juros, anunciado hoje pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), o que demonstra uma postura mais agressiva do órgão no combate à inflação nos Estados Unidos.Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “a decisão era precificada pelo mercado, mas os analistas projetavam 0,5%”. Ela entende que as projeções trimestrais divulgadas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não estão tão ruins quanto o mercado esperava.
Abdelmalack considera o aumento um recado ao mercado: “Isso mostra o compromisso do Fed em controlar a inflação o mais rápido possível, e evitar uma recessão. Talvez fique o questionamento se ele (o Fed) não poderia ter começado a agir antes. Isso estanca um pouco as críticas de que ele está atrás da curva”, opina Abdelmalack.
De acordo com o sócio da Nexgen Capital, Felipe Izac, “os dados da inflação americana vieram muito acima do esperado, e o mercado já precificou um cenário extremo”.O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 1,0% em maio ante abril e acumulou alta de 8,6% nos últimos 12 meses.
Embora esteja caminhando para o final do ciclo de aperto monetário, a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) também é relevante: “Espera-se um aumento de 0,5% na Selic (taxa básica de juros), mas alguns analistas já preveem 0,75%”, observa Izac.
Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “a estratégia do Fed é “dar as más notícias aos poucos” para não gerar impacto negativo no mercado. Por outro lado, Weigt entende que os resultados da indústria chinesa em maio dão fôlego para o real e outras moedas emergentes ligadas às commodities. A produção industrial chinesa cresceu 0,7% em maio na comparação mesmo período de 2021.
Paulo Holland / Agência CMA
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