Marcos de Vasconcellos blog

Ligando os pontos

Textos de Marcos de Vasconcellos, jornalista, CEO do Monitor do Mercado, colunista da Folha de S.Paulo e assessor de investimentos.

A receita para baixar os juros está clara

Dizer que os juros quebraram a Americanas ou que haverá um arcabouço fiscal que "agradará a todos" não coloca números na mesa do Copom

icone de relogio 27/03/2023 13:01

Manter a Selic a 13,75% é inquestionável? De forma nenhuma. Vivemos uma inflação causada pela redução da oferta, então reprimir a demanda —e é isso que faz uma taxa de juros nessa altura— não necessariamente vai ajudar. Mas já era assim quando começou a alta, e as premissas do BC continuam as mesmas, tal qual a meta de inflação.

Até a rede Americanas, em meio à bagunça que causou na economia nacional com seu vergonhoso rombo bilionário, culpou os juros pelo mau cenário que enfrenta. "A indústria subiu fortemente os preços, como reflexo da pressão inflacionária e da taxa de juros elevada, e as famílias brasileiras, endividadas e com poder de compra reduzido, deixaram de comprar itens mais caros", diz em seu plano de recuperação judicial.

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Dizer que os juros quebraram a Americanas ou que haverá um arcabouço fiscal que "agradará a todos" não coloca números na mesa do Copom. Só com eles em mãos a turma de Campos Neto vai se mexer.

No comunicado publicado na quarta, o Copom dá a receita, listando o que pode levar os juros a cair antes:

i) uma queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local;

ii) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em razão de condições adversas no sistema financeiro global; e

iii) uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.

E trago aqui três más notícias, mas que podem ser um bom argumento para a próxima reunião do Copom:

1) a agência de classificação de risco S&P Global Ratings publicou um relatório afirmando que nos aproximamos de uma onda de calotes no Brasil e em outros países da América Latina. Com os juros altos, as empresas terão dificuldade de rolar suas dívidas, e o calote torna-se inevitável;

2) uma crise bancária como a que começa a surtir efeito nos EUA e na Europa pode ter força para derrubar a atividade econômica global;

3) o Bank of America diz já ter identificado uma bolha nos títulos de crédito de empresas de tecnologia.

Enquanto esses pontos não ficarem visíveis nas projeções do BC, não adianta reclamar dos juros. A lógica estará mantida.

Este é o tema da coluna de Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, na Folha de S.Paulo, nesta semana.

Clique aqui para ler o texto na íntegra.

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