As ações da Vale (VALE3) fecharam em forte alta de 3,36%, entre as três maiores altas do Ibovespa nesta terça-feira (27) após anúncio do novo CEO, Gustavo Pimenta. O impulso nos papéis da companhia também foi influenciado pela valorização do minério de ferro, em Dalian, que refletiu na alta dos papéis de outras mineradoras e siderúrgicas da bolsa, como a CSN Mineração (CMIN3), que subiu 2,87%.
Pimenta foi anunciado na noite desta segunda-feira (26), eleito por unanimidade de votos pelo Conselho de Administração, após rigoroso processo de seleção e “com alto nível de integridade, transparência e robustez da governança da Vale”, segundo Daniel Stieler, presidente do Conselho de Administração.
Índices do mercado
Após alcançar novo recorde ontem (26) com alta de 0,07%, aos 136.989 pontos, o Ibovespa oscilou, e fechou em queda de 0,08%, aos 136.775,91 pontos nesta terça, em meio ao cabo de guerra entre Vale ON (+3,36%) e Petrobras ON (-1,37%) e PN (-1,34%).
Na mínima intradiária, o índice chegou a 136.664 pontos e na máxima bateu os 137.213 pontos, alcançando novo recorde. O volume financeiro para o índice no dia foi de R$ 17,8 bilhões.
O mercado internacional operava de forma mista, com o S&P 500 em alta de 0,16%, enquanto o Dow Jones caiu 0,02% e o Nasdaq avançou 0,16%.
Recomendações de compra
O BTG Pactual reiterou sua recomendação neutra de compra para os ADRs da Vale, com preço-alvo a US$ 12. A recomendação vem após a declaração de que a escolha de Gustavo Pimenta como novo CEO é uma vitória importante para os processos de governança da companhia.
Para o J.P. Morgan, a solução interna apresentada pela Vale ao eleger Gustavo Pimenta afasta a possibilidade de intervenção do governo federal nos negócios da companhia, uma vez que essa situação pressionava as ações da companhia.
O Goldman Sachs endossa essa declaração ao afirmar que o anúncio do novo CEO ajuda a reduzir incertezas, traz continuidade à estratégia e está potencialmente alinhado com a maioria dos “stakeholders” (investidores). Ainda, faz recomendação de compra mais otimista para os ADRs da Vale, com preço-alvo a US$ 15,90.
Resultados da Vale no segundo trimestre
Apesar do cenário internacional instável e pouco otimista com a desaceleração da economia da China (um dos principais clientes da companhia) e com impactos no preço das commodities, a Vale vem apresentando resultados sólidos: reportou no segundo trimestre um lucro líquido de US$ 2,76 bilhões, representando um aumento de 210% na comparação anual.
A receita líquida da empresa foi de US$ 9,9 bilhões, com uma alta de 3% em comparação com o ano anterior. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em US$ 3,9 bilhões, se mantendo estável na base anual e pouco abaixo das projeções do mercado, que eram de US$ 4,06 bilhões.
A Vale teve uma produção de 80,598 milhões de toneladas de minério de ferro, que mostra uma alta de 2,4% na comparação anual. Em vendas, a empresa apresentou um avanço de 7,3%, para 79,792 milhões de toneladas.
O preço médio dos finos de minério de ferro realizados, usando o 62% Fe como referência, se manteve estável durante o ano, apresentando alta de 1%, com a tonelada negociada a US$ 98,2, enquanto os de pelotas tiveram uma queda de 2%, sendo negociadas a US$ 157,2.
Escolha do novo CEO da Vale
O processo de escolha do novo CEO da Vale foi conduzido pela consultoria internacional Russell Reynolds, após suposta interferência do governo federal no processo de sucessão na Vale, com a tentativa de emplacar o ex-ministro, Guido Mantega, desencadeando reações desfavoráveis do mercado e da empresa.
A consultoria apresentou 15 nomes à candidatura da presidência entre os quais Pimenta não constava. O executivo foi indicado por meio de seleção interna da mineradora e disputou a vaga com outro executivo da casa, o vice-presidente de Soluções de Minério de Ferro, Marcelo Spinelli.
O CEO recém-eleito da Vale já atua como vice-presidente-executivo de Finanças e Relações com Investidores da empresa desde 2021 e dará início ao seu mandato como presidente em 1º de janeiro de 2025, substituindo Eduardo Bartolomeo, que classifica a nova escolha como otimista para a liderança da companhia.
Pimenta possui experiência de mais de 20 anos no Brasil, Estados Unidos e Europa, nos setores financeiro, de energia e mineração, além de ter atuado nas áreas de Suprimentos e Energia & Descarbonização. Ele também foi executivo da AES por 12 anos, atuando como diretor de Planejamento e Estratégia e vice-presidente de Performance e Serviços e foi vice-presidente de Estratégia e M&A no Citigroup, em Nova Iorque.
Após confrontar como principais desafios do seu atual mandato a definição e implementação de estratégia para reduzir emissões de gases do efeito estufa, diretas e indiretas da empresa, em 33% até 2030, Pimenta apontou como meta para seu mandato como CEO a intensificação do diálogo com os stakeholders e a priorização da segurança das pessoas, das operações e do meio ambiente.
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