“O caminho para a recuperação do setor imobiliário da China é esperado que se estenda por vários anos”, afirmou um dos maiores bancos de investimento do mundo, o Goldman Sachs.
Hoje, a China ainda enfrenta as consequências persistentes de um dos maiores aumentos de dívida registrados – cerca de US$ 8,4 trilhões pendentes em hipotecas e promotores.
Mas calma, não veremos outra crise de 2008. Kenneth Ho, estrategista de crédito para a Ásia da Goldman Sachs Research,explica que “os formuladores de políticas na China estão muito focados em garantir que não surjam riscos sistêmicos”, diz Ho.
Até porque, considerando a dimensão política e econômica do país, é fato que uma crise no país impactaria o mundo.
Aqui no Brasil, podemos ver o reflexo do problema imobiliário chinês através do mercado de ferro e aço, por exemplo. Como a China é a maior demandante do minério do mundo, a baixa demanda impacta as metalúrgicas daqui.
Mas não é porque não haverá outro 2008 que não há riscos.
O crescente papel do mercado secundário (imóveis construídos), por exemplo, é uma preocupação. Apesar do governo chinês conseguir controlar o mercado primário (direto), seja definindo os preços dos terrenos até o controle das vendas em sí, no mercado secundário não há tanto controle quando as vendas passam para a mão da população, explica Yi Wang, da Goldman Sachs Research, que lidera a equipe imobiliária da China.
E é nesse mercado que Wang vê “deterioração”, com maior oferta do que demanda.
O Goldman Sachs considera o momento com uma recessão.
“Quando você tem esse grande segmento da economia se contraindo — e levará anos para voltar ao normal — seu crescimento potencial sofre um grande impacto”, afirma Hui Shan, economista-chefe da China na Goldman Sachs Research
E o impacto deve, sim, afetar as commodities, principalmente o cobre “antes da recessão, a demanda chinesa por cobre, apenas no setor imobiliário, era ainda maior do que toda a demanda por cobre dos EUA”, observa Hui.
A crise
A crise imobiliária chinesa começou ainda em 2021, com a quebra da Evergrande. A gigante não conseguiu reembolsar mais de US$ 100 milhões a credores offshore e, naquela época, estimava-se que a empresa ainda que acabar mais de 1,5 milhão imóveis.
Desde então, a crise se alastra e outras empresas já começaram a quebras. A Country Garden, relatou um prejuízo semestral recorde de US$ 6,7 bilhões e já tem 1 milhão de imóveis vendidos inacabados.
A Zhongzhi Enterprise, gestora privada de patrimônio da China, deixou de pagar vários produtos de investimento de alto rendimento.
O conglomerado financeiro administra cerca de 1 trilhão de yuans, equivalente a US$ 138 bilhões.