A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (25) que dará continuidade ao projeto da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III), envolvendo a finalização da planta de produção de fertilizantes em Três Lagoas, no estado de MS, inativa desde 2015.
Segundo a companhia, a planta requer investimento de aproximadamente R$ 3,5 bilhões (US$ 600 milhões) até o início operacional previsto para 2028 e terá capacidade de produção de 3,6 mil toneladas por dia de ureia e 2,2 mil toneladas por dia de amônia.
Considerando o anúncio, nesta segunda-feira (28) o BTG Pactual fez recomendação de compra para as ações da Petrobras (PETR4), com preço-alvo a R$ 52,00 e hoje (29), também fez recomendação de compra para os ADRs da companhia, a US$ 19. O banco avalia que o investimento da Petrobras no setor de fertilizantes resultará em “alto grau de ceticismo” por parte os acionistas.
Na tarde desta terça-feira, as ações da Petrobras (PETR4) apresentavam queda de 0,47%, negociadas a R$ 35,92, após o petróleo reverter os ganhos desta manhã em meio à sinalização de Israel de uma possível e breve trégua nos conflitos. Durante a manhã a commodity teve forte alta com os planos dos Estados Unidos de comprar petróleo para reserva estratégica (SPR).
Na cotação do petróleo, o brent/dez é negociado a US$ 70,85 (-0,80%) e o WTI/dez a US$ 66,85 (-0,79%).
Plano estratégico da Petrobras
Em relação ao plano estratégico da Petrobras, não há, portanto, indícios de alteração, uma vez que a possibilidade de prosseguir com o projeto da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III) já fazia parte do Plano Estratégico (PE) de 5 anos da Petrobras desde 2023.
A aprovação do projeto, portanto, a transfere do portfólio de avaliação para o portfólio de implementação. Como recapitulação, dos US$ 102 bilhões no PE atual de 5 anos, US$ 11 bilhões são destinados a projetos em avaliação.
Além do projeto de fertilizantes, também faz parte do plano estratégico a reativação de sua planta ANSA em Araucária (estado do PR), anunciada no início deste ano.
FID (Decisão Final de Investimento)
Apesar da decisão de incorporar a UFN-III ao orçamento da companhia, o projeto ainda está em fase de aprovação e requer mais ações de governança, como verificações de mercado para assegurar que as premissas utilizadas na aprovação do projeto estejam consistentes com as atuais condições de mercado. Dessa forma, os desembolsos de caixa devem ocorrer apenas quando os custos orçados já estiverem alinhados com os cenários testados.
Capex anual da Unidade UFN-III
O BTG observa que o setor de fertilizantes tem acarretado alguns desafios à Petrobras, tomando como base os resultados na ANSA abaixo das expectativas, e por isso, os investidores devem cultivar certo ceticismo em relação aos retornos esperados para esses projetos.
Segundo o banco, considerando o investimento de R$ 3,5 bilhões entre 2025 e 2028, o desembolso médio anual de caixa deve representar aproximadamente 0,2% do valor de mercado da companhia.
O BTG também projeta, para fins de dividendos, um impacto de apenas 10bps por ano da UFN-III no DY da Petrobras, embora o projeto UFN-III não estivesse incluído nos “projetos em implementação” da estatal.
Otimismo do BTG e recomendação de compra para Petrobras
O BTG Pactual considera que até o momento o projeto da estatal tenha seguido todos os protocolos de governança estabelecidos para garantir uma alocação de capital apropriada.
Por isso, endossa a recomendação de compra para as ações da Petrobras, sustentada pelo fato de que “a capacidade da companhia de gerar IRRs reais acima de 20% continua amplamente restrita ao seu negócio principal de E&P, e as vantagens competitivas da empresa em setores como fertilizantes não são evidentes (principalmente devido às condições específicas do Brasil).”
O BTG reforça, ainda, que os papéis da empresa são uma oportunidade atraente de risco-retorno, com potencial de valorização em dividendos e produção.