O dólar fechou em queda de 0,60%, cotado a R$ 5,75, com impacto das discussões em Brasília sobre o pacote de corte de gastos proposto pelo governo federal.
A terça-feira trouxe um cenário externo mais positivo para o real, com a moeda americana caindo frente a pares fortes e a outras moedas emergentes. Mesmo com as incertezas sobre as eleições presidenciais nos Estados Unidos, o mercado financeiro viu o dólar recuar em diversos países emergentes, incluindo o Brasil.
O dólar, que recentemente atingiu o segundo maior nível nominal da história do real (R$ 5,8694 em 1º de novembro), agora acumula uma queda de 2,06% nos últimos dois pregões. A alta acumulada da moeda americana no ano, que chegou a superar 20%, agora está em 18,44%.
Medidas fiscais
O real ganhou força no mercado de câmbio com a antecipação do encontro entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outras autoridades governamentais para discutir cortes de despesas.
Uma das medidas em estudo é a desindexação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) em relação ao salário mínimo, o que, segundo cálculos preliminares, pode gerar economia de mais de R$ 200 bilhões em uma década. Outras mudanças nos benefícios sociais, como o seguro-desemprego e o abono salarial, também estão sendo avaliadas.
Especialistas apontam que uma mudança no reajuste do BPC pode ser bem recebida pelo mercado financeiro, pois diminuiria o prêmio de risco no juro de longo prazo, possibilitando a valorização do real.
Eleições nos EUA
Apesar de a dinâmica fiscal brasileira influenciar diretamente a formação da taxa de câmbio, o mercado também considera o impacto das eleições americanas.
Parte da alta recente do dólar foi impulsionada pelo chamado “Trump trade”, ou seja, a aposta no dólar como refúgio diante da possibilidade de vitória do candidato republicano, associado a políticas protecionistas que favorecem o fortalecimento da moeda americana.
Perspectivas para o dólar
A expectativa de anúncio das medidas de corte de gastos antes do resultado das eleições americanas cria um ambiente de recuperação para o real, ainda que o cenário externo se mantenha incerto.
Segundo analistas, variáveis como a situação fiscal brasileira e o desfecho das eleições nos EUA seguirão como pontos de atenção para os investidores que acompanham o comportamento do dólar e o risco fiscal do país.