Os cinco maiores bancos do Brasil — Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Santander Brasil — registraram um lucro combinado de R$ 32,3 bilhões no terceiro trimestre, alta de 13,8% em relação ao mesmo período de 2023, segundo dados compilados pelo Broadcast.
Apesar do desempenho positivo, a alta da taxa Selic, atualmente em 11,25%, impõe cautela às operações e deve limitar o crescimento de crédito em 2025. O destaque no trimestre foi novamente o Itaú (ITUB4), com um lucro de R$ 10,6 bilhões. Confira os resultados abaixo:
Desempenho dos grandes bancos no trimestre
Bancos | 3º Trimestre | Alta Anual |
---|---|---|
Itaú (ITUB4) | R$ 10,6 bilhões | 18,1% |
Banco do Brasil (BBAS3) | R$ 9,5 bilhões | 8,7% |
Bradesco (BBDC4) | R$ 5,2 bilhões | 13,1% |
Santander Brasil (SANB11) | R$ 3,6 bilhões | 34,3% |
Caixa Econômica Federal | R$ 3,2 bilhões | 0,7% |
Total | R$ 32,3 bilhões | 13,8% |
Estratégias no crédito focadas em público interno
Após os resultados divulgados na última quarta-feira (13), o Banco do Brasil (BBAS3) visa expandir sua carteira de cartões de crédito internamente. O banco identificou seis milhões de clientes das classes C, D e E com bom perfil de risco, mesmo com menor renda. “Temos todo um aquário para trabalhar com clientes em cartão”, afirmou Geovanne Tobias, vice-presidente de Gestão Financeira do BB.
O Itaú Unibanco aposta em seu “superapp” para ampliar o relacionamento com clientes. A nova versão do aplicativo visa aumentar a oferta de produtos, como cartões de crédito, especialmente para os segmentos Uniclass e Personnalité, de média e alta renda.
O Bradesco, após um período de ajustes na carteira, também planeja focar em clientes conhecidos para maximizar margens de lucro. Marcelo Noronha, presidente do banco, afirmou que busca “margens perenes” em vez de ganhos pontuais.
O Santander, por sua vez, mantém uma abordagem mais cautelosa, desacelerando o crescimento da carteira de crédito. “Queremos sim crescer, mas antes ser mais rentáveis”, disse Mario Leão, presidente do banco.
Efeitos da alta dos juros
A elevação da Selic impacta diretamente as operações de maior risco, tornando-as mais suscetíveis à inadimplência. Para a Caixa Econômica Federal, cuja carteira de crédito é fortemente concentrada em financiamentos habitacionais (67%), o desafio está na perda de recursos da poupança, principal fonte de funding para o setor.
Apesar disso, a Caixa planeja crescer em linhas de crédito livre para pessoas físicas, segmento mais afetado pelos juros altos. A carteira apresentou queda de 1,4% em 2024, enquanto o crédito habitacional cresceu 14,7%.
Com a expectativa de desaceleração do crescimento econômico e a continuidade da pressão dos juros, os bancos devem adotar uma postura seletiva no crédito. A combinação de estratégias focadas em clientes internos e prudência na concessão de crédito é a resposta do setor para um cenário de incertezas.