Os dividendos globais atingiram US$ 431,1 bilhões (R$ 2,5 trilhões) no terceiro trimestre, segundo o Janus Henderson Global Dividend Index. Esse valor representa um recorde para o período. O crescimento nominal foi de 3,1%, mas o aumento subjacente — que desconsidera fatores extraordinários —, ficou em 6,6% no primeiro semestre.
Apesar do ritmo moderado no trimestre, Jane Shoemake, gestora de carteira da equipe de rendimento de ações globais da Janus Henderson, reforça a resiliência das empresas.
“As preocupações com o impacto das altas taxas de juros na economia global têm se mostrado equivocadas. Empresas relatam facilidade no refinanciamento de dívidas, bancos seguem capitalizados e lucrativos, e dívidas incobráveis permanecem sob controle, permitindo a continuidade do crescimento dos dividendos até 2025”, disse ela.
Diante do nível mais baixo de dividendos especiais, a Janus Henderson ajustou sua previsão para 2024, esperando que os dividendos globais alcancem US$ 1,73 trilhão (R$ 10 trilhões), um aumento nominal de 4,2% em relação a 2023. A expectativa de crescimento subjacente, no entanto, foi mantida em 6,4%.
China lidera aumento entre os mercados emergentes
Os dividendos pagos por empresas chinesas cresceram 12,3% em termos ajustados e 15,4% em valores nominais, alcançando US$ 44,6 bilhões (R$ 259 bilhões). A Alibaba teve papel de destaque, representando três quartos do aumento total, ao começar a distribuir dividendos aos acionistas pela primeira vez.
O desempenho da China também foi decisivo para os mercados emergentes, que registraram um aumento de 1,4% em base ajustada no trimestre. Mais da metade do total distribuído nos mercados emergentes veio de empresas chinesas.
Jane Shoemake destaca a importância de empresas emergentes como a Alibaba no cenário global. “Mais de um sexto do crescimento subjacente deste ano provém de empresas como a Alibaba e a Meta que pagam os seus primeiros dividendos, demonstrando como estes setores relativamente novos estão amadurecendo e começam a devolver algumas das grandes quantidades de dinheiro que acumularam aos acionistas.”
Grandes cortes impactam distribuição de dividendos globais
Cortes significativos em cinco grandes empresas afetaram a taxa de crescimento global no terceiro trimestre, reduzindo-a em 3,4 pontos percentuais. Entre as empresas que reduziram dividendos estão a Glencore, no Reino Unido, e a Evergreen Marine, em Taiwan.
Sem esses cortes, o crescimento global teria sido de 6,5%, um número consistente com o primeiro semestre. Além disso, 88% das empresas globais aumentaram ou mantiveram seus pagamentos de dividendos no trimestre.
EUA registram forte crescimento com Meta e Alphabet
Nos Estados Unidos, o crescimento subjacente foi de 10% no terceiro trimestre. A estreia de empresas como Meta e Alphabet no pagamento de dividendos contribuiu significativamente para esse aumento.
Shoemake também ressaltou o potencial de gigantes como a Alphabet no mercado de dividendos. “A Alphabet, por exemplo, tem US$ 80,9 bilhões de caixa líquido em seu balanço, apesar de ter gasto cerca de US$ 46,7 bilhões em recompras de ações e outros quase US$ 5 bilhões em dividendos apenas nos primeiros nove meses deste ano, sugerindo que ainda há espaço para dividendos serem distribuídos.”