Após alcançar o nível histórico de R$ 6,20 no início da tarde, o dólar à vista encerrou o pregão desta segunda-feira (17) em leve alta de 0,04%, cotado a R$ 6,0961. O movimento marca o segundo dia consecutivo de recorde nominal no fechamento.
Intervenção do Banco Central
O Banco Central (BC) realizou dois leilões de venda à vista para conter a pressão sobre o câmbio. No primeiro, pela manhã, foram vendidos US$ 1,272 bilhão, mas sem efeito significativo na cotação. No início da tarde, com o dólar atingindo a máxima de R$ 6,2073, o BC anunciou um segundo leilão, vendendo US$ 2,015 bilhões.
Com isso, a moeda perdeu força e chegou a operar brevemente em baixa, alcançando a mínima de R$ 6,0581 antes de retomar o patamar de R$ 6,0961 no fechamento. Segundo especialistas, as intervenções visaram dar liquidez ao mercado, atendendo à alta demanda por dólares no final do ano.
Fatores técnicos e incertezas fiscais
A valorização do dólar reflete uma combinação de fatores técnicos e incertezas fiscais. De um lado, há uma demanda sazonal por dólares para remessas de lucros e dividendos ao exterior, comum em dezembro. Empresas que aguardavam uma valorização do real acabaram antecipando operações.
Do outro, o cenário fiscal brasileiro segue pressionado. O governo enfrenta desafios para aprovar o pacote de contenção de gastos no Congresso antes do recesso parlamentar, que começa em 23 de dezembro. Líderes do governo e do Congresso indicaram que as medidas serão votadas ainda esta semana, mas investidores mantêm dúvidas sobre a aprovação e eficácia do pacote.
Intervenção recorde no câmbio
Em dezembro, o BC já injetou US$ 12,760 bilhões no mercado cambial, a maior intervenção para um único mês desde março de 2020. Além das vendas à vista, foram realizados leilões de linha com compromisso de recompra.