As ações ligadas a frigoríficos estão entre as principais quedas da Bolsa de Valores brasileira (B3), nesta sexta-feira (27). Os papéis recuam após notícias de que a China iniciará uma averiguação para descobrir se as importações de carne bovina estão prejudicando a pecuária do país.
A China é o maior mercado consumidor de carnes brasileiras. Segundo dados do Ministério da Agricultura, as exportações brasileiras para o país somaram mais de 1 milhão de tonelada neste ano. Os investidores reagem, temendo uma restrição da exportação para o continente asiático.
Maiores quedas do setor de frigoríficos
Entre as quedas mais expressivas, Marfrig (MRFG3) passou boa parte do pregão com o pior desempenho do Ibovespa, recuando mais de 6%. Às 15h15, tinha a terceira maior desvalorização, caindo 4,10%, a R$ 16,14.
A BRF (BRFS3) também se destacava entre as quedas, recuando 2,55%, a R$ 24,82. No mesmo ritmo, JBS (JBSS3) recua 2,18%, a R$ 36,36, e Minerva (BEEF3) caía 1,92%, a R$ 5,12.
O desempenho do setor de frigoríficos tem impactado no Ibovespa, que perdeu o nível dos 121 mil pontos, cedendo 0,31%, aos 120.678 pontos.
Possíveis impactos no setor
Segundo Rodrigo Brolo, sócio da AAX Investimentos, a eventual adoção de medidas pela China poderia gerar um impacto imediato médio de US$ 500 por tonelada nas exportações de carne bovina. Ele destacou, no entanto, que ainda não há confirmação oficial sobre a medida.
Para Fábio Lemos, analista da Fatorial Investimentos, as empresas do setor enfrentam outros desafios além das notícias vindas da China. “As companhias tendem a continuar sofrendo com o dólar, com menor penetração no mercado dos Estados Unidos e com as dúvidas quanto à alavancagem de ambas”, observou.
Lemos também destacou a expectativa de que os custos dos insumos pressionem os resultados no quarto trimestre deste ano e no início de 2025.
Nota do Ministério da Agricultura
Confira abaixo a nota do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), na íntegra:
“O governo brasileiro toma nota da comunicação, pelo Ministério do Comércio da China, do início de investigação para fins de aplicação de medidas de salvaguarda sobre as importações de carne bovina por aquele país.
A investigação, aberta na data de hoje (27/12), abrange todos os países exportadores de carne bovina para a China e deverá analisar o período que compreende o ano de 2019 até o primeiro semestre de 2024. A investigação deverá ter a duração de oito meses. Não há, em princípio, a adoção de qualquer medida preliminar, permanecendo vigente a tarifa de 12% “ad valorem” que a China aplica sobre as importações de carne bovina.
A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, consolidando-se nos últimos anos como o maior parceiro comercial do Brasil em proteínas animais. Em 2024, as exportações brasileiras de carne bovina para o país somaram mais de 1 milhão de toneladas, representando aumento de 12,7% em relação ao mesmo período de 2023.
Durante os próximos meses, e seguindo o curso e os prazos legais da investigação, o governo brasileiro, em conjunto com o setor exportador, buscará demonstrar que a carne bovina brasileira exportada à China não causa qualquer tipo de prejuízo à indústria chinesa, sendo, pelo contrário, importante fator de complementariedade da produção local chinesa.
O governo brasileiro reafirma seu compromisso em defender os interesses do agronegócio brasileiro, respeitando as decisões soberanas do nosso principal parceiro comercial, sempre buscando o diálogo construtivo em busca de soluções mutuamente benéficas”.