Pela terceira vez nos últimos nove anos, os investidores estrangeiros encerraram o ano sacando mais dinheiro do que investindo na Bolsa de Valores brasileira. O saldo de 2024 fechou com uma saída líquida de R$ 24,2 bilhões, marcando o pior desempenho desde 2016, segundo dados compilados pela consultoria Elos Ayta.
A análise da Elos Ayta, destaca que, desde 2016, os estrangeiros saíram da B3 em outras duas oportunidades, em 2018 e 2019, mas em um ritmo mais moderado. Em contraste, o ano de 2022 marcou o melhor desempenho, com uma entrada líquida de R$ 119,79 bilhões.
Entre 2021 e 2023, a B3 atraiu R$ 217,2 bilhões em aportes estrangeiros, ressaltando o papel crucial desse capital para o mercado acionário brasileiro.

Apenas quatro meses positivos em 2024
O último ano foi caracterizado por uma volatilidade expressiva, sendo que apenas quatro meses registraram saldo positivo de entrada de recursos estrangeiros: julho, agosto, outubro e dezembro.
Agosto se destacou como o melhor mês do ano, com uma entrada líquida de R$ 10,01 bilhões, enquanto abril apresentou o pior resultado, com uma saída líquida de R$ 11,1 bilhões.
Esse padrão contrasta com os desempenhos mensais dos anos anteriores. Em 2022, foram registrados dez meses de saldo positivo, e em 2023, seis meses. A redução progressiva no número de meses positivos ao longo dos últimos anos reflete uma maior cautela dos investidores estrangeiros em relação ao mercado brasileiro.

A importância dos investidores estrangeiros na B3
O capital estrangeiro desempenha um papel estratégico na B3, representando uma fonte significativa de liquidez e contribuindo para a valorização das ações. A saída de recursos em 2024 evidencia desafios estruturais e conjunturais, como a percepção de risco associado ao ambiente político e econômico no Brasil, além de movimentos globais de aversão ao risco.
O fluxo de recursos estrangeiros é também um termômetro da atratividade do mercado brasileiro no contexto internacional. Momentos de maior entrada de capital costumam ser associados à recuperação econômica, à estabilidade política e à confiança no ambiente regulatório.
Por outro lado, as saídas recordes, como as de 2024, podem refletir um cenário de incertezas que afetam a percepção de investidores externos.
Perspectivas e potencial para atrair recursos
A análise da Elos Ayta aponta que os números de 2024 reforçam a necessidade de políticas públicas e privadas que tornem o mercado financeiro brasileiro mais resiliente e atrativo para o capital estrangeiro.
A B3, como principal bolsa de valores do país, é um termômetro da saúde econômica e política do Brasil. Logo, atrair e reter investidores estrangeiros exige um compromisso contínuo com a previsibilidade, a transparência e a competitividade.
O histórico de entradas e saídas desde 2016 mostra que o mercado brasileiro possui potencial para atrair volumes expressivos de recursos estrangeiros. Contudo, capitalizar esse potencial depende de um esforço conjunto para mitigar riscos e fortalecer a confiança no Brasil como destino de investimentos.