O dólar comercial fechou em alta de 0,03%, cotado a R$ 5,3780. A moeda refletiu ao temor sobre o alongamento do aperto do ciclo monetário nos Estados Unidos, e em segundo plano a volatilidade gerada pelas eleições brasileiras no próximo domingo. Em contrapartida, a postura hawkish (severa) do Comitê de Política Monetária (Copom) foi favorável ao real.
Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “os dados mais fortes dos Estados Unidos surpreenderam para cima e trazem a preocupação de um Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais agressivo”.
Por outro lado, Rostagno entende que o Banco Central (BC) tem se esforçado para mostrar para o mercado que não cortar os juros tão cedo, o que beneficia o real. O estrategista ainda considera as eleições como uma “força secundária”, e que as dúvidas pairam sobre a política fiscal que o candidato eleito irá adotar em sua gestão.
De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “estamos em uma semana de eleições. É um cenário que requer cuidado”.
Abdelmalack classifica o quadro externo como “desafiador”, e explica que mesmo após o leilão realizado esta manhã pelo Banco Central (BC) o dólar não perdeu força, embalado especialmente pela alta, em agosto, de 28,8% na venda de imóveis residenciais novos nos Estados Unidos – a expectativa era de -1,2% -, além do Indice de Confiança do consumidor que foi a 108 pontos em setembro ante expectativa de 104,5 pontos. Isso faz com que as expectativas por um Fed austero sigam no radar e favoreçam o dólar.
Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) veio abaixo das expectativas e isso pode ser considerado positivo, ainda mais que a dispersão caiu. Entendemos que a queda foi puxada pelo corte de impostos nos combustíveis”.
“A ata do Copom reforçou o tom hawkish (duro) e deve ajudar a alinhar as expectativas de corte de juros e fortalece o real dado que os juros ficam em patamar elevado por um longo período”, avalia Komura.
O analista da Ouro Preto entende que hoje o dólar perde força globalmente, em movimento de correção e com maior apetite ao risco.
Paulo Holland / Agência CMA
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