Ainda que as pautas ligadas a mudanças climáticas estejam sofrendo um revés, com a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, a agenda ESG (boas práticas ambientais, sociais e corporativas) ainda abre portas para empresas que querem atuar na Europa.
Luciano Menezes, CEO do World Trade Center Lisboa (WTC), garante que o ESG é tendência para os negócios na Europa em 2025.
Em entrevista à Revista Problemas Brasileiros, em parceria com o Canal Um Brasil, uma iniciativa da FecomercioSP, Menezes aponta que ter boas práticas ESG ajuda a expandir empresas brasileiras no processo de migração.
O Monitor do Mercado teve acesso exclusivo à entrevista e te conta, em primeira mão, quais são as tendências para empresários brasileiros que querem explorar o mercado português e europeu.
Principais tendências para o empreendedorismo na Europa
Luciano Meneses destaca as principais tendências que devem guiar o ano das empresas que desejam expandir para a Europa em 2025:
- ESG: práticas voltadas à atuação da empresa em relação ao meio ambiente, à sociedade e à governança corporativa
- Regionalização: considerando a diversidade cultural das empresas que atuam na Europa e sua atuação em cada região
- Economia circular: tendência do setor de varejo, de fazer circular itens de consumo já utilizados
- Eletrificação de frotas: é a substituição de veículos a combustão por veículos elétricos
Internacionalização como estratégia de crescimento
Menezes destaca a importância da internacionalização para empresas brasileiras, enfatizando que a expansão internacional é fundamental para diversificar riscos e aumentar a competitividade no cenário global.
Atualmente, apenas 5% do PIB brasileiro é gerado por negócios internacionalizados, enquanto em Portugal esse índice é de 50%. Para Menezes, essa disparidade indica o potencial ainda inexplorado pelas empresas brasileiras.
Portugal posiciona-se como um excelente ponto de entrada para o mercado europeu. A língua portuguesa facilita a comunicação, e a integração do país à União Europeia (UE) permite acesso direto a outros mercados estratégicos, como Espanha e Holanda, afirma Menezes.
Além disso, setores como tecnologia, serviços financeiros (fintech) e e-commerce oferecem grandes oportunidades.
Desafios culturais e burocráticos com o ESG
A principal diferença entre os mercados brasileiro e português é o ritmo das negociações. Enquanto no Brasil as decisões são mais rápidas, em Portugal o ciclo de vendas é mais longo, mas os contratos tendem a ser duradouros.
As empresas brasileiras devem adaptar seus processos para atender às expectativas locais. Isso inclui normas de burocracia e regulamentações, especialmente em áreas como ESG (ambiental, social e governança), uma tendência crescente na Europa.
Pressão sobre normas ESG na União Europeia
A União Europeia enfrenta forte pressão das empresas locais para flexibilizar as normas ESG e burocracias normativas que dificultam sua rotina. Diversos países têm contestado os requisitos de relatórios ESG. A França, por exemplo, fez um conjunto de recomendações destinadas a conter a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD, na sigla em inglês) e deve apresentar sua proposta ainda nesta semana.
Segundo Sophie Primas, porta-voz do governo francês, o objetivo dessas contestações é que as regras sejam gerenciáveis, mas “não custosas para as empresas”. O CSRD também foi criticado nos EUA, devido ao excesso regulatório.
Essa regulamentação afeta cerca de 50 mil empresas que operam na UE, exigindo relatórios detalhados sobre aspectos como diversidade de gênero e impactos ambientais. As negociações para simplificar as regras continuam até fevereiro de 2025.
Oportunidades para empresas brasileiras
Empresas que desejam se internacionalizar precisam estar atentas às tendências ESG e às oportunidades em Portugal. O mercado europeu, apesar dos desafios regulatórios, continua atraente para a expansão, especialmente nos setores de tecnologia e serviços.
Os empresários devem considerar o potencial de crescimento das empresas brasileiras que apostam na internacionalização e avaliar como as mudanças podem impactar os negócios no longo prazo.
Assista à entrevista na íntegra, com Luciano Menezes, CEO do World Trade Center Lisboa (WTC) à Revista Problemas Brasileiros, em parceria com o Canal Um Brasil, uma iniciativa da FecomercioSP: