As ações globais de empresas de chips operam em forte queda nesta segunda-feira (27), após a startup chinesa DeepSeek anunciar que desenvolveu modelos de inteligência artificial (IA) altamente competitivos utilizando chips menos avançados do que os rivais norte-americanos.
A notícia levantou dúvidas sobre o domínio global dos Estados Unidos na tecnologia de IA, mesmo em meio ao lançamento da Stargate, joint venture entre Softbank, Oracle e OpenAI, que prevê um investimento de US$ 500 bilhões nos próximos quatro anos.
DeepSeek desafia rivais americanos
A DeepSeek revelou que seus modelos de IA, R1 e V3, alcançaram resultados similares ou superiores aos modelos americanos mais avançados, como os da Anthropic. O custo de treinamento do modelo V3 foi de US$ 5,6 milhões, significativamente inferior aos US$ 100 milhões a US$ 1 bilhão reportados por concorrentes nos EUA.
Além disso, a DeepSeek utilizou um cluster de 2.000 chips Nvidia para treinar seu modelo, enquanto modelos americanos demandam dezenas de milhares de chips.
O sucesso da empresa chinesa também foi refletido no mercado de aplicativos, com seu assistente de IA ultrapassando o ChatGPT, da OpenAI, em downloads para iPhone.
Impacto nos mercados globais
As notícias abalaram as ações do setor de tecnologia e semicondutores. No pré-mercado dos Estados Unidos, as ações da Nvidia caem 11%, enquanto a Micron Technology e a AMD recuam 7,46% e 3,94%, respectivamente. O índice Nasdaq futuro opera em queda de 3,46%, indicando para uma abertura de perdas profundas.
Na Europa, empresas como a ASML Holding e a ASM International, fabricantes de equipamentos para semicondutores, registram perdas de 7% e 11%, respectivamente, em Amsterdã. Na Ásia, a Tokyo Electron fechou em baixa de quase 5%.
Desafios para o Vale do Silício
A análise de Srini Pajjuri, da Raymond James, destaca que a DeepSeek “não possui o mesmo poder computacional que os hiperescaladores dos EUA, mas conseguiu desenvolver modelos altamente competitivos”.
Segundo ele, isso pode representar um desafio significativo para as empresas americanas, especialmente em um momento de tensões geopolíticas e restrições tecnológicas entre os EUA e a China.
