Em clima de campanha e recebido aos gritos de “mito”, o presidente Jair Bolsonaro participou nesta manhã da abertura do Encontro Nacional do Agro, em Brasília, evento realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O candidato à reeleição pelo PL fez duras críticas ao ex-presidente e candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, repetiu as insinuações contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e ao sistema
eleitoral brasileiro, recapitulou o seu governo e destacou as medidas da PEC dos benefícios e à melhora na economia brasileira.
“Por vezes me pergunto porque estou aqui? Quem me colocou aqui? Quem eu era na disputa presidencial de 2018? Porque tentaram me matar? Quem me salvou? Que força eu tive? De onde veio essa coragem para decidir pelo que não é fácil? Como estamos em pé até agora e o que temos pela frente? O que está em jogo? Será que é só interno ou tem interesse externo para o que chama de fazendão?”, questionou o presidente ao resumir o que foi feito até agora pelo seu governo e especificamente para o agronegócio.
Bolsonaro disse que não “pode deixar para 23, 24, 25 e ver o que não fizemos”. O presidente alertou os presentes ser dever de todos não transformar o país no que se tornou os países vizinhos e que é necessário aprender com os erros dos outros. “Como estão os países vizinhos e por que? A Venezuela vive em situação de pobreza pior que o Haiti. Queremos pegar o trenzinho de Cuba, Argentina, Venezuela e Chile? Nosso trem não é vermelho. É verde amarelo”.
Em referência ao governo do PT e a atuação do Judiciário, o presidente lembrou que “o jogo de poder é bruto. Fazem tudo para que seu status quo não seja alterado. Temos não só o dever, mas o direito de aperfeiçoar instituições”. Para Bolsonaro, “ninguém pode dizer que não podemos mudar. Se queremos mudanças nos acusam de ser contra a democracia”.
“Queremos o bem do Brasil, queremos um processo eleitoral justo. Agora não querem aceitar as sugestões que eles pediram. Queremos ter certeza que o voto vá realmente para aquela pessoa. Isso é democracia. Vimos agora há pouco uma cartinha em defesa da democracia. Olha quem assinou a carta. Em época de campanha o pessoal vira bonzinho”, disse o presidente, voltando a criticar os manifestos em prol da democracia divulgados por uma série de entidades.
Bolsonaro fez duras acusações, mesmo sem citar o nome, a Lula e aos governos do PT. Ao lembrar uma possível proposta de regulação que estaria presente no plano de governo de Lula, Bolsonaro não poupou adjetivos. “A proposta de regulação da produção agrícola.. o cara já tirou do programa dele. Malandro como sempre. Sem caráter. Um bêbado que quer dirigir o Brasil. Falei na Febraban, se um funcionário roubasse por anos o seu banco, você empregaria de novo se batesse a sua porta? Claro que não”, completou, referindo-se as acusações de corrupção do governo petista.
Segundo Bolsonaro, o trabalho feito agora é silencioso. “Não temos a divulgação. Não tem problema. Vale a nossa consciência e a certeza que estamos fazendo a coisa certa. Não tem preço isso. Não tem preço ver as pessoas operando PIX, sermos um dos sete países mais digitalizados do mundo”.
Bolsonaro não esqueceu de culpar a política do “fique em casa que a economia nós vemos depois”. Segundo ele, a grande vacina que tivemos para enfrentar os efeitos desta política na economia foram as medidas adotadas por seu governo em 2019, citando a reforma da previdência.
O presidente fez elogios às Forças Armadas, que são, segundo ele, o último obstáculo frente a adoção do socialismo, e criticou a ideologia de gênero. Respondeu às acusações de que há muitos militares no governo, voltando a atacar os governos petistas. ‘Se o povo quisesse ladrão teria votado na esquerda lá atrás. Vou na Bíblia. Ele capacita os escolhidos. Uma coisa importante é a verdade para nós. Quem não quer fidelidade que não case. Quem é favorável à ideologia de gênero? Joãozinho sendo Joãozinho é o que a família quer. Se alguém quiser mudar que mude, mas que não seja na escola”, completou.
Bolsonaro frisou uma frase recorrente: a minoria tem que fazer sua vontade frente a maioria? “Um país com famílias desestruturadas é fadado ao fracasso. O lado vermelho quer liberar a droga. Pra que isso? Veja o que vai acontecer com o Uruguai e com estados democratas nos Estados Unidos. Estão se mudando para estados republicanos”.
Missão
Bolsonaro destacou os problemas e desafios e disse que enfrenta-los é uma é uma missão. “Só peço força para resistir e coragem para decidir. Como chefe de estado, Não vou deixar de fazer. Que isso custe minha vida. Somos maioria, somos pessoas de bem, que trabalhamos. Vamos perder para narrativas? Não deixem passar a oportunidade de agir. Se exponham. Não podemos ser lembrados com uma geração que teve a chance de fazer e se acovardou”
Para o agronegócio, o presidente dirigiu uma série de elogios e destacou as medidas adotadas para beneficiar os produtores. “Vocês não pararam na pandemia. A Propriedade é sagrada, por isso ampliamos a legítima defesa, posse de arma estendida. Por isso determinei o direito do exército conceder CACs para vocês. Povo armado jamais será escravizado. Compre suas armas. Isto está na Bíblia. Não somos cordeiros de dois ou três. Nossa liberdade é sagrada. Não tem limites. Não tem esse papinho de fake news. Vai pra ponta da praia. O problema do Brasil é fake news?’, perguntou.
Economia
Para finalizar, Jair Bolsonaro enumerou as recentes medidas adotadas pelo governo e seus efeitos sobre a economia. “Zeramos os impostos federais do diesel, assim como fizemos com gás. A Petrobras anunciou uma redução. Está caro? Está. No mundo todo. Dependemos de importação de diesel. Porque lá atrás um cara fez 3 refinarias e virou um sucatão”, disse, fazendo nova alusão a Lula.
O presidente disse não interferir na Petrobras. “Eles têm tomado as providências”. O presidente destacou o trabalho em conjunto com o Congresso e a aprovação do projeto de 17% de ICMS para essenciais ICMS. Criticou governadores e prefeitos e disse que o governo federal fez a sua parte no combate à pandemia e no auxílio aos governadores.
Ao finalizar, o presidente ressaltou os novos indicadores de desempenho da economia. “As taxas de desemprego estão diminuindo. Os especialistas achavam que a questão do desemprego só seria vista em 2023. Baixamos a taxa para menos de dois dígitos. Temos superávit comercial e registramos deflação em julho, o que deve se estender para os próximos meses”.
Dylan Della Pasqua / Agência CMA
Copyright 2022 – Grupo CMA
Imagem: Marcos Correa