As ações da corretora de investimentos XP operam em forte queda de 2,34% em Nova York, nesta quarta-feira (12), após a casa de análise norte-americana Grizzly Research, especializada em apostar em quedas de ações, divulgar relatório afirmando que a companhia opera um esquema de pirâmide para impulsionar o resultado de seus fundos.
Em contato com o Monitor do Mercado, a XP afirmou que as informações são “falsas, incorretas e imprecisas”, apontando ainda que tomará “todas as medidas legais cabíveis” contra Grizzly Research.
A Grizzly é conhecida por suas visões pessimistas (bearish) sobre empresas, acusando seus alvos de fraudes e riscos que seriam ignorados pelo mercado. Para a empresa, os ganhos obtidos pela XP em alguns fundos (descritos abaixo) só se sustentam pela entrada de novos investidores, não pela aplicação dos valores em investimentos propriamente ditos.
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Em nota ao Monitor, a XP reiterou que cumpre segue todas as normas estabelecidas por órgãos reguladores, como CVM, SEC e Banco Central, e tem suas operações auditadas regularmente por instituições independentes.
A agência Reuters, primeiro veículo a publicar uma notícia sobre o relatório apontou, em seu texto, que não conseguiu confirmar as informações contidas nele.
Fundo da XP teve retorno de 2.400% em cinco anos
Segundo a Grizzly, entre as justificativas para a acusação de esquema de pirâmide para sustentar o retorno do fundo Gladius, da XP, está a sua comparação com outros fundos brasileiros do mesmo setor. A empresa afirmou que nenhum registra um retorno tão expressivo quanto o do Gladius, que ultrapassa os 2.400% nos últimos cinco anos.
“O Gladius está se escondendo atrás de uma estrutura altamente complexa e usa uma ampla variedade de classes de ativos […] De acordo com nossa pesquisa, a magnitude do fluxo de caixa que a Gladius produz não pode ser explicada apenas por meio de operações lucrativas, mas é provável que envolva predominantemente atividades semelhantes a um esquema Ponzi”, afirma a Grizzly em seu relatório.
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A empresa também aponta que o Coliseu, fundo da XP afiliado ao Gladius, possui um retorno expressivo e que, sem a existência de ambos, a XP não seria lucrativa.
Grizzly aposta que ações devem seguir em queda
Ao final do relatório, a Grizzly Research afirma que a corretora brasileira pode enfrentar desafios à frente, conforme os investidores comecem a reagir à possibilidade de esquema de pirâmide. Isso refletiria diretamente nas ações listadas em Nova York, que acumulam alta de 22% em 2025, mas poderiam reverter o sinal positivo.
“Prevemos que a XP pode enfrentar sérios desafios à medida que investidores e órgãos reguladores começam a descobrir sua forte dependência de uma estrutura semelhante à Ponzi, sustentada por produtos de varejo predatórios. Isso pode levar a consequências profundas para a estabilidade financeira e a reputação da XP”, concluiu a Grizzly.
Em seu site, a casa de análises lista 35 companhias sobre as quais já publicou análises pessimistas, desde 2019. As ações de somente oito delas estão, hoje, acima do valor que tinham na data da publicação.
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Lucro da XP aumentou 16% no último trimestre
A XP Inc. registrou um lucro líquido ajustado de R$ 1,2 bilhão no quarto trimestre de 2024, representando um crescimento de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A receita bruta atingiu R$ 4,7 bilhões, um avanço de 10% na comparação anual e de 4% frente ao trimestre anterior, impulsionada principalmente pelo varejo, que apresentou crescimento de 13% ano a ano. No entanto, o segmento institucional teve uma queda de 20% na base anual, enquanto o de grandes empresas e mercados de capitais avançou 18%.
O destaque do período foi o desempenho da renda fixa, cuja receita saltou 43%, para R$ 985 milhões, refletindo o impacto do cenário de juros elevados. Já a receita com renda variável encolheu 15%, somando R$ 1 bilhão.
