Desde a pandemia da Covid-19, o setor de educação vinha sofrendo e perdendo espaço na Bolsa brasileira. Mas depois de cinco anos, as empresas de ensino superior parecem ter encontrado uma maneira de “mudar os ares”.
Em menos de três meses, Cogna (COGN3), Yduqs (YDUQ3) e Ânima (ANIM3) valorizaram até 74%, impulsionadas por uma reformulação no modelo de negócios, que considerou principalmente a adaptação dos estudantes ao ensino à distância (EAD).
- 📩 Os bastidores do mercado direto no seu e-mail! Assine grátis e receba análises que fazem a diferença no seu bolso.
No novo episódio do podcast Ligando os Pontos, Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, explica os fatores mudaram o rumo das ações. Veja o vídeo completo:
Recuperação após anos de queda
Desde 2020, as empresas do setor de educação enfrentam desafios. Com o fechamento das universidades e o crescimento do ensino à distância (EAD), as gigantes do setor precisaram rever seus modelos de negócios.
Como consequência, os preços das ações despencaram: desde o início da pandemia, Cogna caiu mais de 80%, enquanto Yduqs e Ânima perderam mais de 70% de valor.
- ⚡ A informação que os grandes investidores usam – no seu WhatsApp! Entre agora e receba análises, notícias e recomendações.
Entretanto, os últimos balanços financeiros indicam uma possível recuperação. Segundo Marcos, as companhias estão conseguindo melhorar suas margens ao explorar melhor os cursos digitais, reduzindo custos fixos e ajustando a oferta de ensino presencial.
Educação digital impulsiona margens
Os relatórios financeiros mais recentes mostram que o ensino digital já gera resultados mais expressivos do que o presencial. No caso da Yduqs, a receita com cursos presenciais foi de R$ 2,1 bilhões, enquanto o digital arrecadou R$ 1,7 bilhão.
Mas quando analisamos o lucro operacional, o da modalidade presencial foi de R$ 966 milhões, enquanto o digital alcançou R$ 1,3 bilhão, demonstrando maior eficiência operacional.
Crescimento da demanda e dos incentivos
Outro fator que pode favorecer o setor é o aumento da demanda por ensino superior privado no Brasil. Dados do Censo da Educação Superior indicam que, entre 2021 e 2022, houve um salto recorde no número de alunos matriculados, tendência que se renovou em 2023.
- 🎧 Os segredos do mercado no seu ouvido! Ouça os podcasts do Monitor do Mercado e descubra insights valiosos para investir melhor.
Além disso, políticas públicas podem contribuir para esse crescimento. O governo tem ampliado incentivos para o acesso à universidade, como bolsas de estudo e financiamento para estudantes de baixa renda.
No início de 2025, foi lançado um programa que destina R$ 1.050 por mês para estudantes de licenciatura, fortalecendo o setor privado.
Oportunidade para investidores?
Mesmo com a recente valorização, as ações dessas empresas ainda operam abaixo dos patamares pré-pandemia. Analistas do mercado financeiro, como os do BTG Pactual e da XP Investimentos, veem potencial de valorização e recomendam a compra para duas das três ações citadas.
O cenário de juros altos, no entanto, ainda pode representar um obstáculo para o setor, pois o crédito mais caro dificulta o acesso de alunos a financiamentos estudantis. Caso a economia brasileira entre em um ciclo de corte de juros, o setor de educação pode ser ainda mais beneficiado.