O dólar comercial fechou em alta de 0,64%, cotado a R$ 5,4970. Além do aumento dos juros na Europa, os ruídos políticos domésticos não deixam a moeda brasileira respirar, mesmo em um dia de queda da moeda-americana ante seus pares e algumas emergentes
Segundo fonte ouvida pela CMA, “o episódio do Bolsonaro com os embaixadores foi horrível. À medida que as eleições se aproximam, o ambiente político piora, com um presidente que parece disposto a não aceitar o resultado, e ficou claro que pode fazer qualquer coisa”.
O mercado, continua a fonte, vai ficando na defensiva com este cenário, e não improvável que dólar chegue a R$ 6,00 antes das eleições: “Era um dia para o dólar estar tranquilo, e algumas emergentes estão ganhando força hoje”, observa.
De acordo com o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “por mais que tenha sido hawkish (duro, propenso ao aumento de juros), o mercado interpretou isso muito bem. Os riscos de desancoragem da inflação estavam muito altos, chegando a níveis preocupantes”.
Komura também acredita que o anúncio da criação do Instrumento de Proteção de Transmissão (TPI, na sigla em inglês), que permitirá ao banco comprar títulos ao ver indícios de uma fragmentação financeira, foi positivo: “Isso mostra que o Banco Central Europeu (BCE) está comprado com a ideia de manter a estabilidade e inflação”, analisa.
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, “o câmbio deve se deteriorar com a postura do BCE, que puxou os juros mais do que se esperava. Vai começar uma mudança de fluxo estrangeiro para a Europa”.
Sanchez entende que a postura da instituição foi hawkish, e que a taxa terminal deve atingir ao menos 3%: “Ainda assim, o BCE está bem para trás no combate inflacionário, e agora está correndo atrás do prejuízo”, opina.
Paulo Holland / Agência CMA
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