As importações da China para o Brasil atingiram níveis recordes no primeiro trimestre deste ano, somando US$ 19,05 bilhões. Esse é o maior valor já registrado para o período desde o início da série histórica, em 1989, conforme dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
O resultado revela um crescimento de 34,9% em relação ao montante registrado um ano antes, de US$ 14,1 bilhões, refletindo o movimento da China de antecipar as exportações ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos.
Somente em março, as exportações da China cresceram 12,4% a nível global, na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
O movimento, no entanto, levanta alerta das autoridades sobre possíveis impactos no fluxo de bens, preços e dinâmica de mercado no país.
Comércio com a China ultrapassa US$ 38,8 bilhões
De janeiro a março, a corrente de comércio entre Brasil e China (soma de exportações e importações) alcançou US$ 38,8 bilhões, o maior valor já registrado em um primeiro trimestre, de acordo com o MDIC.
As exportações brasileiras para a China totalizaram US$ 19,8 bilhões, enquanto as importações vindas do país asiático somaram US$ 19.058 bilhões, o que gerou um superávit comercial de US$ 800 milhões.
Setores que influenciaram as importações chinesas
O aumento de 34,9% das importações produtos chineses foi impulsionado pelo grupo de plataformas, embarcações e outras estruturas flutuantes, que movimentou US$ 2,7 bilhões — salto expressivo ante os US$ 4 milhões registrados no mesmo período de 2024.
Apesar do avanço generalizado das importações chinesas, houve redução de 77% nas compras de válvulas e tubos, indicando um movimento de substituição ou redução da dependência de certos produtos.
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Brasil pode virar rota alternativa para exportações da China
A escalada da guerra comercial, impulsionada por novas tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump — que chegaram a 145% sobre produtos chineses — está alterando rotas do comércio global. A China, por sua vez, reagiu com tarifas de 125%.
Segundo analistas, com os EUA reduzindo sua demanda por produtos chineses, o Brasil pode se tornar um destino preferencial para o excedente de exportações da China. Atualmente, o país asiático exporta cerca de US$ 450 bilhões por ano para os americanos.
Já para o Brasil, o comércio com a China representa 28,3% de todas as importações no trimestre.
Comércio com os EUA também atinge recorde
A corrente de comércio com os Estados Unidos também atingiu nível recorde, somando US$ 20 bilhões no primeiro trimestre de 2025.
O Brasil exportou US$ 9,7 bilhões aos EUA e importou US$ 10,3 bilhões, o que resultou em um déficit de US$ 600 milhões na balança bilateral. O valor representa uma alta de 6,6% em relação ao mesmo período de 2024.
As exportações brasileiras aos EUA cresceram em seis dos dez principais produtos, com destaque para:
- Sucos: +74,4%
- Óleos combustíveis: +42,1%
- Café não torrado: +34%
- Aeronaves: +14,9%
- Semiacabados de ferro ou aço: +14,5%
Por outro lado, nas importações, oito dos dez principais produtos norte-americanos tiveram alta:
- Óleos brutos de petróleo: +78,3%
- Medicamentos: +42,4%
- Máquinas não elétricas: +42,3%
- Produtos farmacêuticos: +29,1%
- Aeronaves: +8,1%
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Corrente de comércio do Brasil cresce 5,6%
No total, o Brasil movimentou US$ 144,6 bilhões em comércio exterior de janeiro a março, com US$ 77,3 bilhões em exportações e US$ 67,3 bilhões em importações. O saldo da balança comercial foi positivo em US$ 10 bilhões.
A indústria de transformação foi o principal destaque nas exportações (+5,6%), seguida pela agropecuária (+4,6%). Já a indústria extrativa apresentou queda de 16,7% no período.
Entre os destinos das exportações brasileiras, Europa (+21,25%) e América do Sul (+16,86%) puxaram o crescimento. Por outro lado, houve retração nas vendas para a Ásia (-9,35%), com destaque negativo para a China (-13,4%).
Nas importações, o maior crescimento veio da Ásia (+27,99%), puxado por China, Índia e Japão.