A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçou nesta terça-feira (13) a preocupação do órgão com a política fiscal do governo. O documento da última reunião — que elevou a taxa Selic para 14,75% ao ano — alertou para a dificuldade de combater a inflação.
Segundo o Copom, a falta de disciplina fiscal, o aumento do crédito direcionado e a incerteza sobre a estabilização da dívida pública podem reduzir a eficácia da política de juros.
O comitê voltou a dizer que é essencial manter políticas previsíveis e anticíclicas. A percepção do mercado em relação à sustentabilidade fiscal continua influenciando preços de ativos e expectativas de inflação.
O BC destacou ainda que a política fiscal recente serviu de estímulo significativo à economia, mas que o ideal é um comportamento fiscal que reduza o prêmio de risco e ajude no controle da inflação.
Ata do Copom aposta em juros altos por mais tempo
A ata confirma que a Selic permanecerá em patamar “significativamente contracionista” por um período prolongado. O Copom quer garantir que a inflação convirja para a meta, mesmo com as expectativas desancoradas e pressões inflacionárias persistentes, especialmente nos serviços.
O colegiado enfatizou que a calibragem da taxa será feita com base na dinâmica da inflação, em especial nos componentes mais sensíveis aos juros, no hiato do produto (capacidade ociosa da economia), nas expectativas e no balanço de riscos.
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Cenário externo e incertezas
O Copom avalia que o cenário externo segue adverso, com incertezas elevadas provocadas por tensões comerciais globais. Apesar de o Brasil estar menos exposto que outros países às novas tarifas dos Estados Unidos, os impactos indiretos são relevantes, afetando cadeias produtivas e o comportamento dos consumidores.
O BC também vê riscos inflacionários em uma desancoragem prolongada das expectativas e em uma inflação de serviços mais resistente. Por outro lado, uma desaceleração global mais forte e queda nas commodities podem contribuir para baixar a inflação.
Mercado espera Selic estável
Após a última decisão, o mercado passou a prever que a Selic ficará em 14,75% até o fim do ano, descartando novos aumentos. A mudança veio após o BC abandonar o “forward guidance”, sinalização prévia sobre os próximos passos, adotando postura mais cautelosa diante das incertezas.
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Segundo Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o Copom acredita que os efeitos do aperto monetário ainda não foram totalmente sentidos e que a política de juros já começa a impactar negativamente o consumo, o crédito e o mercado de trabalho.
“Está claro que o BC vai parar de subir os juros, mas ainda é cedo para falar em corte. O juro só cairá quando os efeitos dessa política restritiva forem mais evidentes”, diz Sanchez.