A resseguradora IRB (Re) anunciou na última sexta-feira (30), a emissão da primeira Letra de Risco de Seguro (LRS) do mercado brasileiro, inaugurando uma nova modalidade de transferência de risco para o mercado de capitais nacional, conforme dados publicados pelo Broadcast, do Estadão.
O título, no valor de R$ 33,7 milhões, foi emitido por meio da Andrina Sociedade Seguradora de Propósito Específico (SSPE), subsidiária integral do IRB (Re). A operação foi estruturada em parceria com o Itaú BBA e distribuída a investidores privados.
“Estamos inaugurando uma nova modalidade de transferência de riscos no mercado local. A emissão das letras de seguro permite que riscos do mercado segurador sejam absorvidos pelo mercado de capitais”, afirma Marcos Falcão, CEO do IRB (Re).
Primeira Letra de Risco de Seguro (LRS) do Brasil
A Letra de Risco de Seguro (LRS) é um título que securitiza riscos do setor de seguros, permitindo que investidores assumam parte dos riscos das seguradoras e resseguradoras. Essa transferência é feita por meio da emissão de papéis negociados no mercado financeiro.
A prática é comum no exterior, com os chamados cat bonds, conhecidos como títulos de catástrofe, ligados a eventos extremos, como desastres naturais.
No caso do IRB (Re), a LRS envolve a securitização de riscos de seguro garantia de 14 das maiores empresas às quais a resseguradora está exposta.
A ideia é que seguradoras e resseguradoras fiquem fora dos riscos mais extremos — com probabilidade de ocorrência inferior a 0,1% — e transfiram esses riscos ao mercado de capitais. A medida libera capital nos balanços, permitindo ampliar a oferta de seguros.
Rentabilidade e estrutura dos títulos da IRB
As LRS do IRB oferecem retorno equivalente ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) mais um prêmio adicional de 2,5% ao ano. O papel é do tipo bullet, ou seja, paga os rendimentos apenas no vencimento.
De acordo com Fausto Morais, superintendente de Produtos Estruturados do Itaú BBA, a LRS atende a uma demanda de fundos de investimento por ativos com retorno não correlacionado aos ciclos macroeconômicos e aos ativos tradicionais do mercado financeiro.
Segundo Leonardo Andreoli, analista da Hike Capital, o lançamento desses títulos no mercado brasileiro amplia o leque de alternativas para investidores institucionais e qualificados, possibilitando retornos potencialmente atrativos, ainda que associados a riscos menos convencionais.
Andreoli explica que no contexto atual, de busca por diversificação e aumento da sofisticação dos instrumentos financeiros, a LRS pode funcionar como catalisador para o desenvolvimento de um mercado secundário de risco de seguro no Brasil, algo mais maduro em outros países, como nos EUA com os já mencionados cat bonds.
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Regulação da Letra de Risco de Seguro
A Andrina foi a primeira SSPE autorizada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) a operar no Brasil, em dezembro de 2024.
As SSPEs são empresas criadas especificamente para transferir riscos de seguros, previdência, saúde suplementar, resseguro ou retrocessão a investidores, por meio da emissão de letras como a LRS.
A legislação que permite essa estrutura foi aprovada em 2022, mas só agora o mercado brasileiro começa a testar a viabilidade do instrumento. Por isso, a emissão inicial ocorreu com volume reduzido.
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Título da IRB é alternativa à renda fixa tradicional
O CEO da IRB (Re) enfatiza que as LRS apresentam vantagem especialmente para investidores que buscam diversificação, por seu desempenho não depender diretamente de variáveis macroeconômicas, como taxa de juros, inflação ou câmbio.
Andreoli destaca outro aspecto: que com a difusão desse tipo de instrumento entre outros players do setor, como seguradoras, resseguradoras e até fundos especializados, é possível acelerar a integração entre os mercados financeiro e segurador, estimular a inovação em produtos estruturados e aprofundar o mercado de capitais.