Os Correios aprofundaram o seu cenário de crise no primeiro trimestre de 2025. A estatal registrou prejuízo de R$ 1,72 bilhão entre janeiro e março, mais do que o dobro das perdas no mesmo período de 2024 (R$ 801 milhões), segundo dados divulgados pela empresa na última sexta-feira (30).
Este foi o pior resultado para um trimestre da estatal desde 2017. Apesar do resultado negativo, a estatal afirmou que a sua continuidade operacional está garantida para 2025.
Estabilidade dos Correios em xeque
A empresa informa que vem implementando medidas de corte de custos, revisão de contratos e ampliação das operações logísticas, incluindo entregas aos fins de semana.
No entanto, denúncias de trabalhadores apontam falhas operacionais crescentes, como falta de materiais básicos, empilhadeiras e atrasos nos pagamentos de fornecedores. O presidente do sindicato dos trabalhadores dos Correios de São Paulo, Elias Divisa, afirma que os relatos de falta de insumos nas agências são constantes.
Voos suspensos pela Anac
Em outra frente, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou a suspensão de voos dos Correios a partir desta quarta-feira (22), por irregularidades no transporte de produtos perigosos por empresas terceirizadas.
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A estatal e a agência negociam uma solução para evitar a paralisação. Os Correios alegam que os problemas são “herança de gestões anteriores”.
Receita em queda e concorrência acirrada
A estatal alega que a arrecadação foi impactada pela nova tributação sobre compras internacionais de até US$ 50 — conhecida como “taxação das blusinhas”. Com o fim da isenção, plataformas asiáticas passaram a contratar transportadoras privadas ou criar estruturas próprias no Brasil, reduzindo a demanda pelos serviços dos Correios.
Além disso, a concorrência crescente no setor de entregas afeta a participação da estatal no mercado. Segundo os próprios Correios, apenas 15% de suas agências são superavitárias. A empresa afirma que investiu R$ 1,6 bilhão desde 2023 para modernizar operações e reequilibrar as contas.
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Sustentabilidade financeira em debate
Para o economista Márcio Holland, da FGV, em entrevista ao O Globo, a situação atual contraria o princípio da sustentabilidade financeira das estatais, previsto na Lei das Estatais. “Empresa pública precisa cumprir função social, mas ser economicamente sustentável”, afirmou.
O TCU, por sua vez, recomenda que a estatal refaça a contabilidade em até 90 dias, corrigindo a provisão trabalhista que foi reclassificada.