O Ibovespa fechou maio com alta de 1,5%, aos 137 mil pontos, em um mês marcado por incertezas no cenário internacional e instabilidade política no Brasil. O resultado representa o terceiro mês consecutivo de ganhos do principal índice da Bolsa brasileira.
A análise é de Pablo Piero, sócio da Wiser | BTG Pactual, no novo episódio do podcast Radar Financeiro, publicado nesta semana no YouTube do Monitor do Mercado.
- 📩 Os bastidores do mercado direto no seu e-mail! Assine grátis e receba análises que fazem a diferença no seu bolso.
Segundo ele, o desempenho do mercado reflete uma combinação de fatores domésticos e externos, com destaque para o impacto das tensões comerciais dos Estados Unidos e a continuidade da política fiscal brasileira. Confira:
Tensão global e inflação controlada nos EUA
No cenário externo, as oscilações de maio foram influenciadas pelas negociações comerciais entre Estados Unidos e China. Segundo Piero, declarações do presidente Donald Trump sobre descumprimentos de acordos pela China pressionaram as bolsas globais.
Apesar disso, a renovação de um acordo temporário de 90 dias entre os países ajudou a conter parte das perdas.
Nos Estados Unidos, a inflação teve comportamento moderado. O índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 0,2% em abril, acumulando alta de 2,1% em 12 meses — abaixo das projeções.
- ⚡ A informação que os grandes investidores usam – no seu WhatsApp! Entre agora e receba análises, notícias e recomendações.
Já a inflação medida pelo PCE, indicador preferido do Federal Reserve (Fed), também avançou 0,2%. Ainda assim, há alertas de que novas tarifas podem pressionar os preços no segundo semestre.
Nesta super quarta (18), o mercado espera por uma nova manutenção na taxa básica de juros entre 4,25% e 4,5%, com expectativa de que uma nova decisão só ocorra em setembro.
Política fiscal e inflação pressionam Brasil
No Brasil, o ambiente político seguiu como foco de atenção dos investidores. A desaprovação ao governo Lula cresceu em maio, atingindo 53,7%, segundo pesquisas citadas por Piero. A elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e as dificuldades de articulação no Congresso contribuíram para o desgaste.
Mesmo assim, a economia brasileira apresentou crescimento. O PIB subiu 1,4% no primeiro trimestre, puxado pela demanda interna e pelo setor agropecuário.
- 💰 Seu dinheiro escapa e você nem percebe? Baixe grátis a planilha que coloca as finanças no seu controle!
A inflação, medida pelo IPCA, subiu 0,43% em maio, marcando o terceiro mês de desaceleração, mas ainda acumulando alta de 5,5% em 12 meses. Com isso, o Copom elevou a taxa Selic para 14,75% ao ano, sinalizando continuidade na política monetária restritiva.
Perspectivas para junho
O rumo do mês de junho deve ser definido pela próxima reunião do Fed, que também acontece nesta “super quarta”. A expectativa é de que o encontro traga novas projeções econômicas e possa ajustar as apostas sobre o próximo corte de juros nos EUA.
No Brasil, o foco recai sobre o projeto de lei orçamentária de 2025, que deve definir o tom para a política fiscal. Caso o governo não consiga aprovar medidas de ajuste, aumenta o risco de rebaixamento da nota de crédito do país, o que pode afetar o dólar e a bolsa.