Nesta última segunda-feira (23), a Méliuz (CASH3) comprou 275,43 bitcoins por cerca de US$ 28,6 milhões (R$ 157,3 milhões), a um preço médio de US$ 103.864,38 por unidade. Com a nova compra, a companhia passa a ter 595,67 bitcoins — adquiridos a US$ 102.702,84 em média.
A movimentação foi comunicada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e reforça a posição da Méliuz como a maior detentora corporativa de bitcoin da América Latina. No mundo, a empresa ocupa a 36ª posição.
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Após o movimento, o BTG Pactual anunciou a retomada da cobertura das ações da Méliuz, recomendando compra com um preço-alvo de R$ 10, um potencial de valorização de 43,5% em relação ao fechamento de ontem (R$ 6,97).
O banco vê a estratégia como um passo para a empresa se transformar uma Bitcoin Treasury Company — empresa que mantém bitcoins como parte de suas reservas de tesouraria — e acredita que o movimento foi inspirado na operação bem-sucedida da empresa americana de software MicroStrategy.
“Nossa reação inicial ao anúncio foi de surpresa e ceticismo. No entanto, com a ação subindo 114% desde que a estratégia foi revelada, ficou claro que estávamos perdendo algo. Essa mudança provou ser uma maneira bem-sucedida para a Méliuz reinventar sua história de ações”, destacam os analistas.
Por fim, o BTG explica que o modelo de negócios baseado em bitcoin ainda é emergente, mas vem ganhando espaço globalmente.
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Méliuz pode abrir caminho na América Latina
Segundo Will Hernandez, gerente de desenvolvimento de negócios da Bitfinex para a América Latina, o movimento pode influenciar outras companhias brasileiras e latino-americanas a adotarem o bitcoin em tesouraria como ferramenta de planejamento financeiro de longo prazo.
Ele aponta que a estratégia pode complementar instrumentos financeiros tradicionais e representar uma mudança estrutural na forma como empresas enxergam o bitcoin — não apenas como investimento, mas como parte da estrutura de capital.
Entretanto, Felipe Miranda, sócio-fundador da Empiricus, comenta que ainda há reações imediatas e negativas em relação a Méliuz, causada pela geração de IPOs frustrados de 2021, com histórico de governança frágil, modelo de negócios indefinido e múltiplos inflacionados.
As críticas recorrentes envolvem desde o fracasso em consolidar o negócio de cashback até o suposto desinteresse da liderança no dia a dia da companhia, com comentários irônicos sobre o estilo de vida dos fundadores — entre corridas de Porsche e práticas de calistenia.
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Apesar do histórico desfavorável, Miranda explica que é preciso conversar novamente sobre a empresa, já que ela vem promovendo uma mudança estrutural significativa. Para ele, Méliuz passa a ser a única companhia com esse perfil no Brasil atualmente.