O dólar fechou esta quinta-feira (10) em alta de 0,78% frente ao real, a R$ 5,54. A disparada do dólar reflete o aumento da aversão ao risco após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Na abertura do pregão, o dólar chegou a romper os R$ 5,60, atingindo a máxima de R$ 5,6220. O movimento acompanhou o avanço dos contratos futuros da moeda, que reagiram no dia anterior à divulgação da carta de Trump, após o fechamento do mercado à vista.
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Ainda pela manhã, no entanto, o movimento perdeu força, com investidores realizando lucros e ajustando posições.
Impacto sobre o PIB e exportações preocupa
Economistas avaliam que, embora não catastrófico, o impacto das tarifas sobre a economia brasileira pode ser significativo. O Bradesco estima que uma tarifa de 50% pode reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) em 0,3 ponto percentual neste ano e cortar US$ 15 bilhões em exportações — cerca de 0,6% do PIB.
Para manter a conta corrente equilibrada, seria necessária uma depreciação adicional de 6% do real, segundo o banco.
Reação política e expectativa de negociação
O mercado também repercutiu a possibilidade de negociação entre os governos. Segundo a CNN Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria avaliando dialogar diretamente com a Casa Branca para tentar reverter as tarifas.
O presidente Lula afirmou que, caso as tarifas não sejam retiradas, o Brasil aplicará medidas de reciprocidade, elevando tarifas sobre produtos norte-americanos.
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Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo avalia uma série de medidas tarifárias e não tarifárias para reagir, mas espera que o conflito seja solucionado antes da data de vigência.
Juros, inflação e perspectiva para o real
A política monetária brasileira ajuda a conter a desvalorização do real. Os juros elevados dificultam a compra do dólar por investidores locais, favorecendo o chamado carry trade — estratégia em que investidores se beneficiam da diferença entre juros de países.
A expectativa do mercado é que a taxa Selic seja mantida em 15% até o fim do ano, enquanto nos Estados Unidos cresce a perspectiva de corte de juros. Christopher Waller, diretor do Federal Reserve (Fed), voltou a defender uma redução na taxa ainda em julho. Mary Daly, presidente do Fed de São Francisco, indicou dois possíveis cortes neste ano, com o primeiro em setembro.
Inflação surpreende, mas com sinais benignos
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 0,26% em maio para 0,24% em junho, acima da mediana das projeções do mercado (0,20%).
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Apesar disso, o índice de difusão — que mede a proporção de itens com alta de preços — caiu de 60% para 54%, sinalizando menor pressão inflacionária nos chamados núcleos da inflação.