O Deutsche Bank passou a adotar uma postura mais cautelosa em relação ao real, mediante da possibilidade das tarifas atrapalharem as exportações. Além disso, o aumento da chance de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também influencia a decisão, conforme relatório divulgado nesta quarta-feira (16).
O documento é assinado pelos estrategistas Carlos Munoz-Carcamo e Drausio Giacomelli, sendo a primeira análise do banco sobre suas expectativas para o câmbio após o anúncio surpresa de tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
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O banco alemão observa que o movimento do governo norte-americano, liderado por Donald Trump, tende a fortalecer Lula politicamente, especialmente por permitir que o presidente assuma discurso de defesa da soberania nacional — o que pode ampliar sua base eleitoral nas eleições de 2026.
Cautela do Deutsche Bank com o real e força de Lula
Apesar de manter uma visão estruturalmente positiva sobre o real, o Deutsche reconhece que a situação cria novas vulnerabilidades para a moeda brasileira.
O banco cita como principais riscos a piora nas relações comerciais com os EUA, a fortalecida perspectiva de reeleição de Lula e os efeitos econômicos limitados, mas relevantes, da imposição de tarifas.
Mesmo com o real sustentado por fundamentos como alta taxa de juros (carry trade) e conta corrente favorável, o banco alerta para maior volatilidade nos próximos meses. A posição cambial continua sendo de compra em BRL/COP (real frente ao peso colombiano), mas com menor convicção.
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Impacto das tarifas e relação com a China
As tarifas anunciadas por Trump, de até 50%, surpreenderam tanto pelo volume quanto pelos motivos extraeconômicos — incluindo críticas à condução da Justiça brasileira e à regulação das redes sociais.
Embora as exportações brasileiras mais atingidas representem apenas 2% do PIB, cerca de 18% das vendas da indústria de transformação têm os EUA como destino, o que torna o setor especialmente exposto.
O banco também destaca que os laços entre Brasil e China podem estar por trás das tensões comerciais. O Brasil ampliou sua integração com o bloco BRICS, sediou a cúpula do grupo neste ano e estuda aderir à Iniciativa Cinturão e Rota. Além disso, foi firmado um megaprojeto ferroviário binacional com a China.
Após tarifas, EUA abrem investigação contra o Brasil
Na noite desta terça-feira (15), Donald Trump mandou iniciar uma investigação comercial contra as práticas comerciais “injustas” do Brasil. Em comunicado, o Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) informou o início da investigação contra o Brasil, nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio de 1974.
No documento, a USTR afirmou — sem provas para justificar — que “tem documentado as práticas comerciais desleais do Brasil que restringem o acesso de exportadores americanos ao seu mercado ha décadas”.