A Lojas Renner (LREN3) saiu na frente e se tornou a primeira empresa brasileira a divulgar um relatório completo de sustentabilidade conforme os padrões internacionais IFRS S1 e S2, estabelecidos pelo ISSB (International Sustainability Standards Board).
A publicação divulgada nesta segunda-feira (21) foi feita com dois anos de antecedência em relação ao prazo legal no Brasil, surpreendendo o mercado, que esperava que o movimento pioneiro viesse da B3.
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Os dois padrões — já incorporados às normas brasileiras CBPS 01 e 02 — determinam como as empresas devem divulgar riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade (IFRS S1) e ao clima (IFRS S2), com foco nos efeitos financeiros desses temas sobre os negócios. A adoção antecipada reforça a integração do tema climático à estratégia da companhia.
Além de reforçar a preocupação climática da companhia, a Renner estabeleceu um marco para o setor de varejo, ampliando as pressões para avanços na transparência climática.
Clima já impacta o resultado da Renner
O relatório da Renner traz dados que mostram os efeitos financeiros de eventos climáticos extremos e de iniciativas sustentáveis em seu desempenho.
Em 2024, ondas de calor impactaram negativamente o resultado operacional da empresa em R$ 18 milhões, enquanto inundações causaram perdas adicionais de R$ 10 milhões. Por outro lado, a venda de produtos com menor impacto ambiental gerou ganho operacional de R$ 94 milhões no mesmo período.
A companhia também estimou os impactos esperados para os próximos dez anos. Os produtos sustentáveis devem adicionar até R$ 256 milhões ao caixa, enquanto os eventos climáticos extremos podem provocar perdas de até R$ 99 milhões no fluxo de caixa futuro. O uso de energia renovável, já implantado desde 2021, deve gerar impacto positivo entre R$ 201 milhões e R$ 232 milhões no longo prazo.
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Riscos e governança climática
Entre os riscos climáticos considerados mais relevantes para a operação estão ondas de calor, inundações, secas e incêndios florestais. O documento detalha as vulnerabilidades do negócio, como a possibilidade de queda na demanda por roupas de inverno, dificuldades logísticas e exposição da cadeia de fornecedores — especialmente no setor de jeans, que exige uso intensivo de água.
Para mitigar esses riscos, a Renner adota estratégias como o uso de inteligência artificial para previsão de demanda, planejamento de rotas alternativas de distribuição e exigência de certificações ambientais para fornecedores.
O relatório também menciona medidas adotadas para aumentar a resiliência das lojas e centros de distribuição, além de ações de apoio a colaboradores e clientes afetados por eventos extremos.
A governança da sustentabilidade é conduzida por uma estrutura que envolve o Conselho de Administração e comitês dedicados à sustentabilidade e à gestão de riscos, com suporte das diretorias de Controladoria, Riscos e Sustentabilidade. Parte da remuneração variável da alta liderança está atrelada ao cumprimento de metas climáticas.
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Plano de transição e metas validadas pela SBTi
A Renner também apresentou um plano de transição para uma economia de baixo carbono, com metas validadas pela Science Based Targets initiative (SBTi).
As metas incluem a redução de 46,2% das emissões absolutas dos escopos 1 e 2 até 2030, além de um corte de 55% nas emissões por peça adquirida no escopo 3, que engloba fornecedores. A meta de neutralidade climática (Net Zero) está prevista para 2050, com redução de 90% nas emissões totais.
A estratégia é complementada por investimentos em circularidade, eficiência energética, matérias-primas de menor impacto e inovação por meio da RX Ventures, o braço de venture capital da companhia.