A possível tarifa de 50% sobre importações, proposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve ter impacto restrito nos perfis de crédito das companhias brasileiras, segundo a Fitch Ratings.
As vendas do Brasil para os Estados Unidos representam uma fatia pequena do total exportado pelo país, concentrando-se em commodities. Esse tipo de produto tem maior facilidade de encontrar mercados alternativos, reduzindo a dependência do comércio bilateral.
Segundo a Fitch, quase todas as empresas brasileiras avaliadas pela agência têm exposição inferior a 10% das receitas ao comércio com os EUA.
- 📩 Os bastidores do mercado direto no seu e-mail! Assine grátis e receba análises que fazem a diferença no seu bolso.
Com isso, a expectativa é que as empresas mantenham métricas financeiras estáveis em 2025, mesmo diante das elevadas taxas de juros no país — o maior obstáculo para manter a saúde financeira.
Embraer é a mais expostas
A Embraer, classificada como BBB-/Estável, tem cerca de 35% de sua receita vinculada ao mercado norte-americano, excluindo o conteúdo local produzido nos EUA. Por isso, a companhia seria a mais suscetível a impactos tarifários.
No entanto, a Fitch pondera que a oferta global limitada de aeronaves e possíveis isenções específicas para o setor podem compensar parte desse risco.
Empresas menos afetadas
Além da Embraer, companhias como Suzano (BBB-/Positivo), Eldorado Brasil Celulose (BB/Estável) e PRIO (BB/Observação Positiva) também possuem alguma exposição ao mercado americano.
Por outro lado, empresas com presença produtiva nos EUA, como JBS (BBB-/Estável), Marfrig (BB+/Estável) e Gerdau (BBB/Estável), tendem a ter risco menor, já que fabricam parte dos produtos dentro do próprio território norte-americano.
- ⚡ A informação que os grandes investidores usam – no seu WhatsApp! Entre agora e receba análises, notícias e recomendações.
Fitch vê estabilidade no crédito
A agência espera que as companhias mantenham uma postura conservadora, reduzindo investimentos e dividendos para enfrentar os altos custos de capital. Com isso, as métricas devem permanecer estáveis:
- Alavancagem líquida: queda para 2,5 vezes o Ebitda até 2025 (de 2,6 vezes em 2024);
- Cobertura de juros: estável em 2,7 vezes este ano, com recuperação prevista para 2026;
- Fluxo de caixa livre (FCF): melhora de 170 pontos-base em 2025.
A liquidez também deve se manter alta, permitindo às empresas refinanciar dívidas antes de 2026. Segundo a Fitch, apenas US$ 3 bilhões em dívidas externas vencem até o fim de 2026, um valor que pode ser refinanciado no mercado doméstico.