Governadores de estados estratégicos para a economia brasileira cobraram maior protagonismo regional nas decisões econômicas do país diante da imposição de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos no último dia da Experience XP 2025.
Ratinho Junior (PR), Tarcísio de Freitas (SP) e Ronaldo Caiado (GO) deram uma amostra dos caminhos das eleições do ano que vem no painel “O Brasil que se Constrói nos Estados”, acusando uma falta de planejamento federal e o avanço das emendas parlamentares, que afetam diretamente os investimentos, o crescimento e o emprego no Brasil.
Segundo Tarcísio de Freitas, governador do Estado de São Paulo, a tarifa dos EUA sobre exportações brasileiras ameaça empregos e o Produto Interno Bruto (PIB).
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Tarifa dos EUA ameaça empregos e PIB no Brasil
A nova política tarifária dos EUA, impulsionada pelo governo de Donald Trump, impõe sobretaxas a diversos produtos brasileiros. Tarcísio alertou que o impacto da Tarifa de 50% pode ser severo, com perda de 0,3% a 2,7% do PIB brasileiro, a redução de 44 mil a 120 mil empregos e um impacto de R$ 3 bilhões a R$ 7 bilhões em massa salarial ao ano.
Entre os setores afetados incluem: suco de laranja; componentes e peças industriais, aviação (Embraer), máquinas pesadas (Caterpillar) e café (especialmente pequenos produtores exportadores via cooperativas).
“Empresas globais podem desligar suas plantas aqui e mudar a produção para outros países. Isso afeta também toda a cadeia de fornecedores nacionais, como a indústria de aço plano”, disse o governador paulista.
Emendas impositivas e máquina pública travada
Os três governadores concordam que o atual modelo de orçamento compromete a gestão pública. Ratinho Junior enfatiza que o avanço das emendas parlamentares tira a capacidade do Executivo de implementar programas estruturados: “Cada deputado coloca o dinheiro onde acha melhor. Mas não necessariamente está ligado a um programa de governo. Isso reduz a efetividade da política pública.”
Ronaldo Caiado foi além e afirmou que o sistema atual fere o presidencialismo: “Hoje o Brasil tem 40% de carga tributária. O Congresso controla o orçamento com emenda de comissão, emenda de bancada, emenda individual. O Parlamento virou gestor, o que não é função do Legislativo.”
Tarcísio ensaia campanha com dados de SP
Tarcísio apresentou os resultados de um plano de ajuste fiscal e reforma administrativa em São Paulo. Segundo ele, o estado saiu de um investimento de 3% da receita corrente líquida para 14% em um ano.
Entre as medidas tomadas estão:
- Corte de cargos comissionados
- Aprovação de reforma administrativa
- Desvinculação de receitas de saúde e educação para dar flexibilidade à gestão
- Privatizações (inclusive da Sabesp, empresa de saneamento)
- Revisão de benefícios tributários
Com a privatização da Sabesp, São Paulo realizou 410 mil novas ligações de água potável e 542 mil ligações de esgoto. Ainda, 5 bilhões de litros de esgoto deixaram de ser lançados na natureza por mês.
Ao todo foram R$ 7 bilhões de investimentos em 1 ano, incluindo 542 obras contratadas e 35 milhões de reais em contratos futuros.
Para controlar tarifas, Tarcísio afirmou que todo o dividendo do Estado está sendo reinvestido em um fundo de apoio à universalização do saneamento.
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Governos criticam falta de ação do governo federal
Ratinho Junior criticou a antecipação do debate eleitoral de 2026 e atribuiu isso à insatisfação da população: “Se o governo estivesse entregando o que prometeu, ninguém estaria discutindo eleição agora.
“Tem um ditado que diz que para quem não sabe onde quer chegar, qualquer estrada serve. Hoje, o governo mostra que não sabe onde quer chegar. Quem não cuida das contas, não cuida dos mais humildes e não consegue cuidar das pessoas. O problema do Brasil são as prioridades”, conclui.
O governador do Paraná afirmou que a resposta do governo ao tarifaço foi superficial: “Trump aplicou tarifas a China, Japão, Índia, Filipinas. Esses países foram negociar. Aqui se faz vídeo para a internet.”
Caiado reforçou: “Lula ainda não mandou ninguém para tratar o tema com os EUA. O governo fala em desdolarização do comércio, um discurso que nem China, Índia ou Rússia adotam. Isso não serve ao interesse nacional.”