O Federal Reserve (Fed) decidiu manter a taxa básica de juros dos EUA no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. A decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) foi divulgada na tarde desta “super quarta” (30).
Essa é a quinta manutenção seguida da taxa, que ocorre após três cortes de juros consecutivos, estendendo a pausa no ciclo de afrouxamento monetário na maior economia do mundo.
Nem mesmo a pressão por cortes impostas por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, impediu a manutenção, que já era amplamente esperada pelo mercado. Entretanto, os dirigentes Michelle Bowman and Christopher Waller votaram por um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.).
Segundo o comunicado, a economia cresceu moderadamente no primeiro semestre de 2025, com o desemprego permanecendo baixo e o mercado de trabalho robusto, embora a inflação continue acima da meta de 2%.
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O Comitê destacou que as incertezas sobre as perspectivas econômicas — incluindo mercado de trabalho, pressões inflacionárias e cenário internacional — ainda preocupam.
Além disso, o Fed seguirá reduzindo sua carteira de Treasuries (títulos do Tesouro) e títulos hipotecários, processo conhecido como quantitative tightening (QT).
Reação dos mercados
Após a divulgação, às 15h15 (horário de Brasília), as bolsas em Nova York mantiveram as altas: Dow Jones +0,04%; S&P 500 +0,21%; e Nasdaq +0,47%.
No Brasil, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, acentuou queda (-0,41%, aos 132.182 pontos), enquanto o dólar avança 0,72% (R$ 5,61). O mercado reage principalmente à tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA, confirmada oficialmente por Trump na tarde desta “super quarta”.
Trump x Powell
A decisão ocorre diante de uma tensão entre o presidente dos Estados Unidos e o presidente do Fed, Jerome Powell. Trump vem há tempos criticando o mandato de Powell, dizendo abertamente que ele está “demorando muito” para cortar a taxa de juros.
Após muitas críticas pelas redes sociais, ambos se encontraram pela primeira vez na última quinta-feira (24). Na ocasião, além de voltar falar que “adoraria que ele reduzisse as taxas de juros”, Trump criticou publicamente os custos da reforma de dois prédios históricos do banco central norte-americano.
Ao ser questionado pela imprensa sobre uma possível demissão de Powell, o presidente dos EUA recuou, mas manteve as críticas à atual política monetária.
Manutenção dos juros nos EUA era esperada
Pouco após a abertura do mercado, às 12h (horário de brasília), 96,9% dos analistas cravavam a manutenção da taxa, segundo o monitoramento do CME Group (veja na imagem abaixo).

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Para a próxima reunião, que acontecerá em 17 de setembro, a maioria das apostas indica um corte na taxa (61,7%), com 59,8% esperando uma redução de 0,25 ponto percentual (p.p.).
Por que os juros dos EUA subiram tanto nos últimos anos?
Com a pandemia da Covid-19 e a guerra entre Ucrânia e Rússia, a inflação dos Estados Unidos subiu exponencialmente, chegando a atingir a maior inflação em 40 anos em 2022 (9,1%).
A taxa básica de juros serve para desacelerar a economia, assim controlando a inflação. Ou seja, conforme a inflação subiu, os juros nos EUA subiam.
Em maio de 2023, depois de 10 altas consecutivas, o Fed parece ter encontrado um intervalo estável para controlar a inflação (entre 5,25% e 5,5% ao ano). Os juros só começaram a cair em setembro de 2024, quando tivemos o primeiro corte desde 2020.