O governo brasileiro está considerando uma mudança significativa no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), eliminando a obrigatoriedade de frequentar autoescolas. Esta medida visa reduzir os custos envolvidos no procedimento, que atualmente variam de R$ 3 mil a R$ 4 mil, dependendo do estado. Caso o novo modelo seja implementado, o custo poderá cair para valores entre R$ 750 e R$ 1 mil, proporcionando uma economia considerável para os futuros motoristas.
Atualmente, o processo para obtenção da CNH exige que os candidatos frequentem aulas teóricas e práticas em autoescolas, somando uma carga horária específica. No entanto, o Ministério dos Transportes propõe um modelo mais flexível, onde o candidato poderá estudar a parte teórica de modo online, utilizando plataformas digitais como o YouTube, e optar por instrutores autônomos para a prática, que deverão ser credenciados pelos Departamentos de Trânsito (Detrans).
Quais são os objetivos do projeto de desburocratização da CNH?

O principal objetivo do projeto é desburocratizar o acesso à CNH e tornar o processo mais acessível financeiramente. A alta carga tributária e os custos elevados representam barreiras para muitos indivíduos que desejam obter a licença de conduzir. Ao permitir que as aulas teóricas sejam realizadas em plataformas digitais e remover a obrigatoriedade de carga horária mínima para práticas de direção, o governo espera ampliar o acesso e reduzir significativamente as despesas para o cidadão.
Além da economia, há também a intenção de modernizar a formação de condutores usando recursos tecnológicos, facilitando o aprendizado por meio de vídeos, simuladores e conteúdos interativos. A proposta busca equilibrar democratização, inclusão e inovação para formar novos motoristas de acordo com as demandas atuais do trânsito nacional.
Como seria a nova estrutura do processo de obtenção da CNH?
Na nova estrutura proposta, os candidatos ainda precisariam realizar as provas teóricas e práticas, mas a forma de preparação para essas avaliações seria de escolha individual. A parte teórica poderia ser concluída presencialmente nos Centros de Formação de Condutores (CFCs), via ensino à distância (EAD) em empresas credenciadas, ou através de conteúdos digitais fornecidos pela Senatran. Já para a prática, a exigência de 20 horas mínimas de aula seria removida, permitindo que cada estudante decidisse sua forma de preparação com instrutores autônomos credenciados.
Isso daria mais liberdade ao candidato, que poderia respeitar seu próprio ritmo de aprendizagem, além de permitir que aqueles com experiência prévia em direção tivessem um processo mais ágil. Os exames, porém, continuariam rigorosos para garantir que somente pessoas aptas obtenham a CNH.
A desobrigação das autoescolas poderá impactar o trânsito?
A discussão sobre o impacto da desobrigação das autoescolas no trânsito é complexa. As críticas se concentram na possibilidade de um aumento de acidentes devido à formação potencialmente inadequada de novos motoristas. Por outro lado, o governo argumenta que a responsabilidade individual, aliada a novas formas de aprendizagem, pode ser uma solução viável para formar motoristas competentes, com o suporte de recursos modernos e acessíveis. A escolha por instrutores autônomos, que deverão ser devidamente formados e identificados pela Carteira Digital de Trânsito, é uma tentativa de garantir qualidade e segurança na instrução prática.
É importante ressaltar que a experiência internacional mostra que países com flexibilidade na formação praticam fiscalização mais severa nos exames, o que pode inspirar a implementação brasileira. A questão da fiscalização dos instrutores autônomos e da qualidade do conteúdo digital disponível deve ser um ponto central nesse debate.
Quais as vantagens econômicas da flexibilização do processo?
A flexibilização prevista pelo governo pode gerar uma forte inclusão econômica, ao retirar custos considerados excessivos e permitir que mais pessoas tenham acesso à habilitação. Isso favorece principalmente jovens e trabalhadores de baixa renda que dependem da CNH para oportunidades de emprego, seja no setor de transportes ou como prestadores de serviços por aplicativos.
Outra vantagem está no estímulo à concorrência entre instrutores autônomos credenciados, o que pode melhorar a qualidade do serviço e trazer mais opções de horários e preços, beneficiando o cidadão e promovendo competitividade no setor.
Desafios e preocupações do setor de trânsito
Entidades que representam autoescolas e instrutores questionam se a desobrigação do ensino presencial pode comprometer a segurança viária. A falta de padronização do aprendizado prático, além dos riscos de instrutores não qualificados, são pontos críticos apontados por especialistas.
O governo, por sua vez, planeja intensificar a fiscalização dos instrutores autônomos e exigir a utilização de tecnologia para monitorar a realização das aulas práticas, reduzindo fraudes e garantindo que o conteúdo seja, de fato, absorvido pelos futuros motoristas.
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Perspectivas futuras para a formação de condutores no Brasil
Se implementar as mudanças, o Brasil poderá figurar entre os países que mais avançam na democratização do acesso à CNH, utilizando recursos digitais para formar motoristas preparados e conscientes. O uso da tecnologia associada à responsabilidade individual pode ser o equilíbrio necessário entre economia e segurança.
Em resumo, a proposta representa um salto evolutivo nos processos de habilitação, trazendo benefícios econômicos e sociais, ao mesmo tempo em que desafia o país a inovar na fiscalização e na garantia de qualidade do ensino para desenvolver condutores cada vez mais preparados para os desafios do trânsito brasileiro.