O Banco do Brasil (BBAS3) reportou lucro líquido ajustado de R$ 3,78 bilhões no segundo trimestre, 60,2% menor na comparação anual e representando uma queda de 48,7% frente ao primeiro trimestre deste ano.
Esse foi o pior resultado desde o 1º trimestre de 2018 (em termos nominais), quando o lucro contábil somou R$ 2,74 bilhões, segundo levantamento da Elos Ayta.
O resultado veio dentro do intervalo de R$ 3,5 bilhões a R$ 4 bilhões que analistas passaram a esperar após dados do Banco Central no sistema Cosif indicarem recuo. Antes disso, a projeção média era de R$ 5,159 bilhões.
Segundo o Vice-Presidente Financeiro do BB, Geovanne Tobias, o lucro foi fortemente impactado pelo aumento nas provisões para perdas no agronegócio.
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Os resultados do banco eram um dos mais aguardados da temporada de balanços, mas saiu pior que o esperado, confirmando o temor dos investidores — a redução dos lucros veio acompanhada de desaceleração no crédito, aumento da inadimplência, e queda do retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), levando à revisão das projeções e redução da fatia do lucro a ser distribuída em dividendos.
Na abertura do mercado, as ações do Banco do Brasil permaneceram em leilão, em queda de 2,22%, cotadas a R$ 19,41. O Ibovespa recuava 0,07%, aos 136.258,14 pontos.
Impactos da inadimplência no agronegócio
O índice de inadimplência total do BB, que considera atrasos superiores a 90 dias, subiu para 4,21% no segundo trimestre, vindo de 3,86% no primeiro trimestre e de 3% no mesmo período de 2024.
No agronegócio, segmento em que o BB é líder em concessão de crédito, a taxa de inadimplência saltou de 1,32% em junho de 2024 para 3,04% em março e 3,49% em junho deste ano. A deterioração também afetou outros segmentos:
- Pessoa Física: inadimplência de 5,59% em junho de 2025, contra 5,10% em março e 4,81% em junho de 2024;
- Empresas: inadimplência de 4,18%, ante 4,06% em março e 3,38% um ano antes.
Segundo Tobias, mais de R$ 7 bilhões de provisões foram consideradas na carteira para o segundo trimestre. Ele ainda menciona o aumento de inadimplência em micro, pequenas e médias empresas, especialmente nas carteiras renegociadas e reestruturadas.
Carteira de crédito cresce no 2º trimestre
O relatório indica que o banco emprestou mais no segundo trimestre. A carteira de crédito ampliada atingiu R$ 1,29 trilhão em junho, alta de 1,3% no trimestre e 11,2% em 12 meses, com a seguinte composição:
- Pessoa Física: R$ 342,59 bilhões (+2% no trimestre, +8% em 12 meses), com destaque para crédito consignado e não consignado e cartões.
- Pessoa Jurídica: R$ 467,98 bilhões (+1,8% no trimestre, +14,7% em 12 meses), incluindo R$ 271 bilhões para grandes empresas e R$ 75 bilhões para clientes do governo.
- Agronegócio: R$ 404,89 bilhões (+8% em 12 meses), com alta de 13,9% na linha de custeio agropecuário e 13,1% na linha de investimento agropecuário.
- Carteira de Crédito Sustentável: R$ 396,5 bilhões (+10,6% em 12 meses), voltada para atividades com impactos sociais e ambientais positivos.
Nos nove primeiros meses do Plano Safra 2024/2025, o BB desembolsou R$ 225,8 bilhões e projeta R$ 230 bilhões para o ciclo 2025/2026.
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Banco do Brasil tem rentabilidade abaixo da concorrência
A rentabilidade do Banco do Brasil, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), caiu para 8,4%, ante 16,7% no trimestre anterior e 21,6% no segundo trimestre de 2024.
Comparando a rentabilidade do Banco do Brasil com outros grandes bancos, o Itaú Unibanco teve ROE de 23,3%, enquanto Santander Brasil registrou 16,4% e Bradesco marcou 14,6%.
Segundo a Presidente do BB, Tarciana Medeiros, o ano de 2025 é de ajuste para aceleração do crescimento. “Projetamos lucro entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões e seguimos com investimentos estruturantes para geração de riqueza aos nossos acionistas, oferecendo a melhor experiência e soluções mais adequadas aos nossos clientes”.
Receita, margem e despesas
A margem financeira bruta foi de R$ 25,06 bilhões, alta de 4,9% sobre o primeiro trimestre e queda de 1,9% na comparação anual. A margem com clientes, que reflete operações de crédito, somou R$ 22,29 bilhões, alta de 9,7% no trimestre e de 12,3% em 12 meses.
Já a margem com o mercado ficou em R$ 2,77 bilhões, o que representa uma queda de 22% no trimestre e de 51,4% em 12 meses, impactada pelo câmbio e pelo aumento das despesas de captação institucional com emissões de letras financeiras perpétuas indexadas à Selic.
O custo do crédito subiu para R$ 15,90 bilhões, avanço de 56,7% frente ao trimestre anterior e de 103,8% sobre o segundo trimestre de 2024.
As receitas de prestação de serviços totalizaram R$ 8,75 bilhões, aumentando 4,7% no trimestre, mas 1% menor em 12 meses.
As despesas administrativas atingiram R$ 9,67 bilhões, aumento de 1,9% no trimestre e de 4,7% em 12 meses, influenciadas por contratações e reajuste salarial de 4,6% concedido em setembro de 2024.
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Banco do Brasil revisa guidance e dividendos
No segundo trimestre, o Banco do Brasil voltou a divulgar o guidance, após uma suspensão parcial em maio, devido à implementação da resolução 4.966 do banco, que alterou linhas de receita e regras de provisionamento.
Com a queda no lucro, as novas projeções reportam piora nos números:
- Crescimento da carteira de crédito: 3% a 6% (antes 5,5% a 9,5%)
- Margem financeira bruta: R$ 102 bilhões a R$ 105 bilhões (antes R$ 111 bilhões a R$ 115 bilhões)
- Custo do crédito: R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões (antes R$ 38 bilhões a R$ 42 bilhões)
- Lucro líquido ajustado: R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões (antes R$ 37 bilhões a R$ 41 bilhões
- Receitas com serviços: R$ 34,5 bilhões a R$ 36,5 bilhões (mantida)
- Despesas administrativas: R$ 38,5 bilhões a R$ 40 bilhões (mantida)
O banco também reduziu a projeção de resultado para este ano em 41%, para R$ 23 bilhões no ponto médio da faixa estimada, e cortou de 40% para 30% a fatia do lucro que será distribuída em dividendos em 2025.