O consórcio é uma modalidade de compra popular no Brasil para a aquisição de carros e motos, mas criminosos se aproveitam da complexidade do sistema para aplicar golpes. Eles criam falsos planos com promessas de entrega rápida do veículo para roubar o dinheiro de vítimas ansiosas por realizar um sonho.
Este guia definitivo explica como a fraude do falso consórcio funciona, quais são os sinais de alerta que não podem ser ignorados e as etapas de verificação essenciais para garantir que você faça um negócio seguro e transparente.
Como o golpe funciona na prática

A fraude geralmente começa com anúncios em redes sociais ou sites de classificados. Golpistas, se passando por vendedores, oferecem planos de consórcio ou “cartas de crédito já contempladas” com a promessa de “contemplação garantida” e entrega do veículo em poucas semanas.
A principal isca é a promessa de burlar o sistema tradicional de sorteios e lances, que pode levar meses ou anos. O falso vendedor cria um cenário de oportunidade única, afirmando ter uma “cota especial” que garante a liberação imediata do crédito para a compra do carro ou da moto.
O golpe se concretiza quando a vítima, convencida pela promessa de rapidez, paga uma “taxa de adesão” ou uma “entrada” para garantir a vaga no grupo. Após o pagamento, geralmente via PIX, o golpista inventa desculpas para a demora na entrega e, por fim, desaparece com o dinheiro.
Os principais sinais de alerta para não cair na armadilha
A regra mais importante sobre consórcios, estabelecida e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil, é clara: não existe nenhuma forma legal de garantir a data da contemplação. Ela só pode ocorrer por sorteio ou através da oferta de um lance.
Fique muito atento a estes sinais de alerta que indicam uma fraude:
- Qualquer promessa de contemplação com data marcada ou de entrega rápida do veículo.
- A administradora do consórcio não possui autorização para funcionar no site do Banco Central do Brasil.
- A exigência de um pagamento de “entrada” ou “taxa” como condição para garantir a contemplação.
- O contrato é vago, confuso ou omite as regras claras sobre sorteios e lances.
- O pagamento da entrada deve ser feito para uma conta em nome de pessoa física (chave PIX CPF).
A regra de ouro é: não existe contemplação garantida. Se um vendedor te prometer isso, é golpe. Agradeça o contato, encerre a conversa e denuncie o anúncio.
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Fui vítima, o que fazer?
Se você fez um pagamento, a primeira ação é contatar seu banco imediatamente. Se a transferência foi via PIX, informe que foi vítima de um golpe e peça a ativação do Mecanismo Especial de Devolução (MED).
O segundo passo é registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.). A denúncia do crime de estelionato é fundamental e pode ser feita de forma online no portal da Polícia Civil do seu estado.
Formalize uma reclamação no Procon do seu estado ou no portal Consumidor.gov.br. Sua reclamação ajuda a alertar outros consumidores e a pressionar por investigações.
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Como se proteger e evitar a fraude
A melhor defesa é a pesquisa e a compreensão de como um consórcio realmente funciona, nunca tomando uma decisão baseada em promessas de facilidades que burlam as regras do sistema.
- Verifique a administradora: antes de qualquer coisa, confirme se a empresa é autorizada a operar pelo Banco Central do Brasil. A consulta é online e gratuita.
- Entenda as regras: saiba que a contemplação só ocorre por sorteio ou lance. Desconfie de qualquer promessa que fuja disso.
- Leia o contrato: nunca assine um contrato sem ler todas as cláusulas, especialmente as que falam sobre contemplação e devolução de valores em caso de desistência.
- Não pague adiantado: não faça nenhum pagamento de “entrada” para garantir a contemplação. O pagamento legítimo é o da primeira parcela do seu plano.
Este guia serve como um alerta educacional. O golpe do falso consórcio vende um atalho que não existe. O caminho seguro para a compra do seu veículo, embora exija paciência, é sempre o mais inteligente. Em caso de crime, a Polícia Civil é a autoridade a ser procurada.