O polêmico caso do Banco Master expôs um efeito conhecido no mercado como “paradoxo da cerca”. A lógica é simples: uma proteção pode estimular comportamentos mais arriscados.
Essa proteção é o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Criado em 1995, o mecanismo protege investidores em caso de quebra de bancos, cobrindo até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ por instituição em aplicações como CDBs, LCIs e LCAs.
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No novo episódio do podcast Ligando os Pontos, Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, explica como este sistema financeiro foi utilizado como combustível pelo Master para estratégias agressivas de captação.
Confira o vídeo completo:
Como o Banco Master usou o FGC
O Banco Master ganhou notoriedade ao oferecer CDBs com taxas muito acima das praticadas pelos grandes bancos. Enquanto Itaú, Bradesco e outros pagavam em torno de 100% a 110% do CDI, o Master chegou a oferecer 130% a 140% do CDI.
Na prática, os investidores encararam que, com a cobertura do FGC, o risco de aplicar em um banco pequeno se equivaleria ao de investir em um grande. Essa percepção se transformou em estratégia comercial e levou o Master a expandir rapidamente sua base de clientes e captar bilhões de reais.
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O problema da conta
O crescimento acelerado, no entanto, levantou dúvidas sobre a solvência do banco. O Master chegou a negociar sua venda para o Banco de Brasília (BRB), mas a operação foi vetada pelo Banco Central (BC), que avaliou que o risco poderia contaminar o BRB.
Agora, parte dos investidores que aplicaram no Master pode ter de acionar o FGC para recuperar seus recursos. Isso levanta um ponto crítico: se a demanda for muito alta, o FGC precisará reforçar seu caixa com novas contribuições de bancos e corretoras.
Esses custos, por sua vez, tendem a ser repassados ao mercado e, indiretamente, aos próprios investidores.