A B3 (a Bolsa de Valores do Brasil) comprou, na noite desta quinta-feira (18), 60% do capital social da Central de Registro de Direitos Creditórios (CRDC) por R$ 15 milhões. A transação foi realizada com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
O acordo está alinhado à estratégia da Bolsa de Valores de entrar no mercado de recebíveis e se posicionar como uma solução completa de infraestrutura na “jornada de crédito”, explicou André Veiga Milanez, diretor-executivo Financeiro, Administrativo e de Relações com Investidores da B3.
A companhia busca utilizar a capilaridade de atuação da CRDC para beneficiar as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), além de reforçar o desenvolvimento de produtos e serviços para o novo mercado de duplicatas escriturais — que movimenta cerca de R$ 11 trilhões.
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A B3 possui ainda a possibilidade de exercer uma opção de compra dos 40% remanescente do capital social da CRDC. Este exercício, no entanto, só pode ocorrer a partir do ano de 2030, e está sujeito ao atingimento de metas específicas.
Também foi firmada uma parceria de longo prazo com a ACSP, com objetivo de fortalecer os produtos e serviços oferecidos tanto pela CRDC quanto pela B3.
Para ser concluída, a operação de aquisição necessita da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Além disso, a transação exige o cumprimento do requisito regulatório de notificação à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O que é a CRDC e qual é sua função?
A CRDC foi estabelecida em 2014 com o propósito de centralizar dados sobre recebíveis — direitos que uma empresa tem de receber pagamentos futuros — e simplificar o acesso ao crédito no Brasil. Seu foco principal são as PMEs.
A companhia fornece sistemas para formalização e emissão de instrumentos que permitem a antecipação de recebíveis e o lastro de crédito, em que um ativo é usado como garantia para uma operação de empréstimo.
A CRDC atua como infraestrutura de mercado e está autorizada a funcionar como registradora de ativos. Por exercer essa função, a CRDC é regulada e supervisionada diretamente pelo Banco Central.
Recebíveis provocam “revolução invisível” no mercado de crédito
Recentemente, em evento exclusivo à jornalistas, a CERC (Central de Recebíveis) afirmou que o mercado de crédito vive uma “revolução invisível”, que deve fazer os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) saltarem de pouco mais de R$ 600 bilhões para R$ 2,5 trilhões nos próximos cinco anos, considerando projeções conservadoras.
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Segundo Marcelo Mazieiro, co-fundador e presidente do Conselho de Administração da CERC, não será nenhuma surpresa “se, em alguns dias, semanas ou meses”, o governo vier a público falar que encontrou uma maneira de destravar o mercado de crédito.
Na ocasião, a companhia apresentou seu audacioso plano envolvendo recebíveis, com foco nas duplicatas escriturais — mudando o formato do modelo cartular (em papel) para o modelo escritural (digital).
Quase um mês após o evento, o mercado parece ter recebido bastante notoriedade. Também nesta quinta-feira (18), a CERC anunciou uma parceria com a Serasa Experian para o lançamento do Qualifica Duplicatas, solução que promete transformar a forma como o mercado avalia o risco de crédito no mercado de duplicatas, e impulsionar novas concessões que tenham este ativo como lastro.